O aumento das temperaturas globais tem deixado seu rastro de consequências, principalmente quando o assunto é saúde. Uma pesquisa, publicada pela revista Nature Medicine, revela que as altas temperaturas podem causar doenças cardiovasculares e respiratórias.
A professora do curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, Maria Gorete Teixeira Morais, destaca ao Jornal da USP que o calor extremo tem sido um fator determinante para muitas mortes pelo mundo.
Descobertas da pesquisa
- Segundo o artigo “Impacto em nível de cidade de temperaturas extremas e mortalidade na América Latina”, cerca de 6% das mortes em cidades da América Latina são causadas por altas temperaturas.
- A pesquisa também encontrou relação entre o calor extremo e o desenvolvimento de cardiovasculares e respiratórias, principalmente no grupo de risco.
- A professora destaca que a temperatura é responsável pelo aumento de 5,7% nas mortes.
- Cerca de 10% são consequência de infecções respiratórias causadas pelo calor ou pelo frio em excesso.
Os impactos do calor na saúde
O corpo humano tem suas ferramentas para se proteger contra o calor. A primeira delas é liberar calor pelo suor para controlar a própria temperatura. Segundo Gorete, cada região brasileira possui características que podem dificultar esse mecanismo.
“Nas áreas da Amazônia, por exemplo, há uma alta umidade do ar, onde o indivíduo vai ter uma dificuldade de eliminação dessa temperatura. Já em áreas muito secas, como no Nordeste, as ondas de calor são mais difíceis de ter um resfriamento. Vamos ter todas essas complicações.”
Maria Gorete Teixeira Morais para o Jornal da USP
Em dias muito quentes, pessoas com doenças cardiovasculares correm mais riscos. O calor extremo pode espessar o sangue, aumentando a chance de coágulos e sobrecarregando o coração. A umidade do ar também é relevante: em locais úmidos, há dificuldade na eliminação de calor, enquanto em locais secos, as mucosas ressecam, comprometendo as barreiras naturais.
Além disso, o calor excessivo favorece o aumento de doenças infecciosas, como a dengue. As chuvas que geralmente ocorrem nesse período podem intensificar surtos, ampliando os riscos para aqueles com condições cardíacas.
A professora dá algumas dicas de como se proteger:
- Manter-se hidratado e procurar ficar em locais frescos.
- Fazer refeições leves em períodos espaçados. Alguns alimentos recomendados são saladas, frutas e comidas frias.
- Quando precisar sair, evite o horário de pico do sol. Use protetor solar, chapéu, guarda-chuva, óculos escuros e roupas leves.
- Em casa, procure deixar o ambiente arejado e opte por banhos frios.
- Em festas, evite aglomerações e escolha destinos onde há mais circulação de ar para viajar, como campos.
*Redação com Olhar Digital