Por Jamylle Bezerra
Três candidatos à prefeitura de Maceió participaram, na noite dessa quinta-feira (12), do debate promovido pela Central Gazeta de Notícias, no qual puderam fazer questionamentos, apresentar propostas, mostrar o que pretendem implementar para garantir melhorias para a população maceioense, além de críticas aos danos causados pela mineração da Braskem e o acordo de R$ 1,7 bilhão entre a empresa e a prefeitura.
Participaram do debate os candidatos Rafael Brito (MDB), Lobão (Solidariedade) e Lenilda Luna (UP). O prefeito de Maceió e candidato à reeleição, JHC (PL), não compareceu ao debate e foi alvo de muitas críticas por parte dos presentes.
Um dos temas mais abordados durante o debate foi a saúde. Educação e saneamento básico, com foco na revitalização da Lagoa Mundaú, também foram tratados pelos candidatos, assim como a necessidade de realização de concurso público e a reparação dos danos causados pela Braskem aos maceioenses que viviam em cinco bairros da capital, afetados pelo afundamento do solo.
Por ordem de sorteio, Lobão abriu o debate, questionando Rafael Brito sobre a recuperação da região da Lagoa Mundaú. O candidato afirmou que irá ouvir técnicos especializados para recuperar a lagoa e trazer de volta o sururu, devolvendo o sustento para muitas famílias. “Iremos reorganizar a área, despoluir a lagoa, torná-la saudável novamente”, afirmou.
Sobre o assunto, Rafael Brito disse que o desassoreamento da lagoa é uma prioridade. “Vamos desassorear a lagoa para que as pessoas possam voltar a viver do sururu, da pesca, resolver a língua suja, melhorar o Mercado da Produção, ajeitar a Cabo Reis. Precisamos melhorar a estrutura da região, fazer uma coleta de lixo adequada, pois é inacreditável a quantidade de lixo acumulada que você encontra na região. Passem pela lagoa e vejam a real situação das pessoas que vivem por lá. Vejam a Maceió real, que é completamente diferente do que está no Instagram”, pontuou o emedebista.
Sobre saneamento, Lenilda Luna disse que pretende criar uma empresa de saneamento municipalizada para cuidar do esgoto produzido na capital.
CASO BRASKEM
A situação das vítimas da Braskem em Maceió também foi discutida durante o debate. Todos os candidatos presentes criticaram a maneira como o assunto vem sendo conduzido pelo município, com indenizações consideradas injustas e o isolamento social dos moradores da região dos Flexais, que permanecem no bairro em que praticamente todos os equipamentos públicos e serviços já não funcionam mais.
Lenilda Luna afirmou que fará uma auditoria do dinheiro pago pela Braskem à prefeitura de Maceió. Já Lobão acusou a atual gestão de “vender 20% da área de Maceió” em um acordo bilionário. Sobre o assunto, Rafael Brito disse que, ao assumir a prefeitura, pretende realocar os cerca de 3,5 mil moradores dos Flexais.
SAÚDE
Rafael Brito ressaltou que Maceió atualmente encontra-se com a saúde abandonada, com cerca de 3 mil mulheres esperando na fila por uma cirurgia de miomas. Enquanto isso, o município gastou R$ 8 milhões no desfile de uma escola de samba do Rio de Janeiro. “Com os oito milhões, o município faria cerca de 2,5 mil cirurgias de miomas. Faria as mamografias e ultrassonografias necessárias para zerar a fila que existe hoje”, pontuou o candidato, destacando que pretende construir 40 policlínicas, com atendimento em diversas especialidades.
A candidata Lenilda Luna disse que vai priorizar a atenção básica e focar na saúde da mulher. Ela criticou a terceirização dos serviços públicos de saúde, defendendo que os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam investidos diretamente no SUS.
“Sobre a saúde das mulheres, fazemos uma defesa intransigente desses direitos. O que nos preocupa são as propostas de privatização, de colocar recursos do SUS em Parcerias Público Privadas. Precisamos que todos os recursos do SUS sejam aplicados no SUS. Nós, que precisamos da saúde pública, sabemos como é difícil o acesso aos atendimentos, porque o posto está sucateado, porque a fila é grande, e se a gente não consegue fazer a prevenção, acontece isso de aumentar a fila”, falou.
Já Lobão, ressaltou que irá implantar o PAM Salgadinho 2, na parte baixa de Maceió, com uma central sofisticada de imagens, e o PAM Salgadinho 3, na parte alta da capital alagoana.
CONCURSO E PRIVATIZAÇÃO
Lenilda ainda afirmou que uma das primeiras ações como prefeita de Maceió será a realização de concurso público para diversas áreas, promovendo a valorização do servidor público, garantindo estabilidade e evitando que eles devam “favores” a políticos. Ela defendeu ainda o poder popular nas decisões dos municípios.
“Existe uma política de privatização, de colocar empresas privadas para gerenciamento da saúde, da educação, da limpeza urbana, do transporte coletivo, que é privado e de péssima qualidade. O JHC faz propaganda do ‘geladinho’, mas as pessoas sofrem dentro dos ônibus, ficam como se estivessem dentro de uma lata de sardinha. A privatização não funciona. O que a gente defende é o poder popular”, destacou.
Rafael Brito também se colocou contra a privatização dos serviços públicos e teceu críticas à atual gestão, afirmando que a terceirização de algumas áreas, como é o caso da educação, tem prejudicado a população da capital alagoana, com contratos de altos valores e, segundo ele, feitos sem licitação.
“Empresas privadas grandes que vencem concessões têm regras que precisam cumprir e entregar os serviços para a população. Eu sou contra a privatização. O JHC está fazendo uma grande terceirização da educação de Maceió. Ele terceirizou a educação infantil da nossa Maceió e é por isso que a educação tem andado para trás nos últimos anos. O Ideb de Maceió ainda não alcançou o que era em 2019. Um instituto que ninguém sabe de onde veio foi contratado pela prefeitura por mais de 100 milhões de reais. Ele não vem ao debate porque não tem como explicar esse tipo de contratação, sem licitação e com aditivos em cima dos contratos. Coisas que são difíceis de explicar”, afirmou.
TRANSPORTE
O transporte público também foi colocado em debate. Rafael Brito prometeu implantar a tarifa zero, proporcionando o transporte público gratuito para toda a população, de domingo a domingo, por 24 horas. A mesma proposta consta no plano do candidato Lobão, que além de implantar o passe livre, também promete abrir novas vias, construir pontes, viadutos e passarelas, além de uma faixa exclusiva para motos.
EDUCAÇÃO
O candidato Rafael Brito falou sobre o Cartão Escola 10, implantado por ele enquanto gestor da educação estadual, e que foi inspiração para o programa Pé-de-Meia, do Governo Federal. Como prefeito, ele disse que irá implantar o Cartão Escola 10 Maceió, garantindo uma bolsa de R$ 150 por mês aos estudantes que frequentarem as aulas.
“Trinta e uma escolas de Alagoas estão entre as melhores do país, mas nenhuma de Maceió. O Cartão Escola 10 Maceió, então, pagará R$ 150 para os estudantes que mantiverem a sua frequência escolar alta. Antes do Cartão Escola 10, Alagoas formava 25 mil jovens por ano e no ano passado foram mais de 44 mil. Esse programa virou referência nacional. É outra coisa que vou implantar a partir de janeiro aqui no município”, disse Rafael.
Sobre o tema, Lenilda disse que vai investir para acabar com o analfabetismo que hoje afeta 60 mil pessoas na capital alagoana. “Vou implementar uma brigada de alfabetização para zerar esse analfabetismo já no primeiro ano de governo, para que tenham o domínio das letras. Vamos investir nas creches municipais, com pedagogos, nutricionistas e recreação. Tudo isso para que as crianças possam se desenvolver com segurança, com aperfeiçoamento, com todas as técnicas pedagógicas necessárias. Vamos trabalhar para ter creche para todas as crianças de Maceió”, falou.
Redação com Gazeta Web