Em uma declaração contundente, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula (PT) para assuntos internacionais, classificou como “revoltante” o ataque israelense ao Líbano, destacando o perigo iminente de uma escalada que pode levar a uma “guerra total”. “Eu acho uma coisa tremendamente revoltante, vamos dizer, e perigosa porque ali [há] o risco de uma guerra total. E, veja bem, estamos falando de um lugar onde tem muitos brasileiros”, afirmou Amorim durante uma conversa com jornalistas nesta segunda-feira (23), segundo o g1.
O alerta de Amorim veio logo após o exército israelense ter solicitado que civis libaneses evacuassem áreas supostamente ocupadas por depósitos e posições do Hezbollah, grupo que atua no sul do Líbano. O ataque já deixou mais de 270 mortos, incluindo 21 crianças e 31 mulheres, de acordo com autoridades libanesas. Profissionais de saúde também estão entre as vítimas, segundo o governo local. Em resposta, Israel anunciou que atingiu Ali Karaki, um dos líderes de alto escalão do Hezbollah, agravando ainda mais a tensão na região.
Conforme fontes no Líbano, este foi o dia mais sangrento no país em mais de 18 anos, desde a guerra de 2006 entre Israel e Hezbollah, conflito que marcou profundamente a história recente da região. Na ocasião, o Brasil atuou ativamente para repatriar cidadãos brasileiros, e, segundo Amorim, o Itamaraty já estaria preparando uma nova operação semelhante, caso o cenário atual continue a se deteriorar. “Tenho certeza que o Itamaraty já está planejando alguma coisa nesse sentido. Tenho certeza mesmo porque já ouvi eles dizerem, mas a experiência é dura”, comentou o assessor.
O conflito de 2006 também foi lembrado por Amorim como um exemplo da necessidade de ação diplomática e humanitária do Brasil. O país, que abriga uma significativa comunidade de descendentes de libaneses, sempre manteve laços estreitos com o Líbano, o que reforça a preocupação com os brasileiros na região.
Redação com Brasil 247