🇧🇷 Por Henrique Rodrigues
A encenação de Hugo Motta (Republicanos-PB) para tentar se passar por leal e amigo do governo Lula (PT) desta vez chegou ao nível do grotesco. Depois de sabotar decretos do Executivo e agir abertamente contra o Planalto, inclusive aparecendo todo faceiro com a escumalha bolsonarista, o presidente da Câmara dos Deputado agora se justifica com frases de efeito, posando de sentinela fiel.
“Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”, disse Motta em seus perfis nas redes sociais.
Na prática, sua família rica e o grupo político que representa defendem o interesse de quem jamais pagou a conta no Brasil, mas ainda assim ele tenta vender a ideia de que age em nome do povo.
“Presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido, tem que servir ao seu país.”, acrescentou o ‘republicano’, repetindo frases prontas para se colocar como “um homem de Estado”, como se fosse possível esconder que faz parte do Centrão até a medula e que seus verdadeiros interesses habitam nas emendas parlamentares que lançaram o país numa verdadeira cena de sequestro institucional.
Enquanto isso, Motta segue articulando votações que atingem em cheio as finanças do governo Lula e fortalecem o discurso de crise que a própria direita alimenta, mesmo com o país decolando economicamente, algo que não ocorria há mais de uma década. Ele quer ser o árbitro, mas é parte do time adversário.
Com ares de vítima, Hugo postou algo que beira o ridículo e o inacreditável. Invertendo sua responsabilidade e culpa, ele teve a desfaçatez de atribuir ao Planalto o clima de conflito imposto nas relações políticas que cada dia degringolam mais no Brasil.
“Quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos. A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda e direita, decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, um imposto que afeta toda a cadeia econômica. A polarização política do Brasil tem cansado muita gente e, agora, querem criar a polarização social”, escreveu o presidente da Câmara.
O parlamentar paraibano não se limita a manobras silenciosas. Ele utiliza as redes para distribuir recados e armar emboscadas políticas. Foi assim na queda dos decretos do IOF. Às vésperas da votação, sem diálogo, Motta disparou o aviso digital, minando qualquer reação do Planalto. Só que em meio à sabotagem, ele ainda tem coragem de se colocar como filtro de “boas ideias”.
“Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder. Mas, se essa ideia for boa, eu vou assoprar”, postou.
A frase, de tudo, não está errada. Ela só precisa ser melhor interpretada: Motta morde o governo para alimentar a sede de poder de quem o sustenta, mas assopra o bolsonarismo bufo e criminoso que ameaça o país, mas sempre, claro, posando de bonzinho. Coitadinho.
🇧🇷 Revista Fórum
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