Anadia/AL

3 de dezembro de 2024

Anadia/AL, 3 de dezembro de 2024

‘Colégio nenhum tem direito de castigar’, diz mãe que teve filho amarrado

Castigo/ 09: 33 hs

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 3 de dezembro de 2024

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Por:  Eduarda Esteves e Talyta Vespa

A mãe Tainara Azevedo, 28, afirmou que nenhum colégio tem o direito de castigar crianças. Ela registrou um boletim de ocorrência após descobrir que o filho dela, de 4 anos, foi amarrado a uma cadeira por uma funcionária do Colégio Criativa, em Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo.

O que aconteceu

Tainara afirmou que colocar alunos de castigo no ‘cadeirão’ era comum no colégio. “Falaram que meu filho estava agitado e que quando eles [alunos] estão agitados, como uma forma de brincadeira, eles os levam para o berçário para entenderem que não são mais bebês, e colocam as crianças no ‘cadeirão'”, relatou.

“Colégio nenhum tem direito de castigar a criança”, afirmou Tainara. A mãe disse que o filho estudava no local desde o início deste ano e que nunca foi chamada pela direção para ser informada que a criança não se comportava durante as aulas. “Eles sempre falavam que o meu filho era super carinhoso”.

Caso foi registrado por câmeras de segurança. A mãe recebeu uma mensagem anônima pelo Instagram. No texto, uma pessoa que se disse funcionária da escola denunciou os maus-tratos que o menino vinha sofrendo e enviou um vídeo.

Imagem mostra que ao menos três funcionárias passam pela criança amarrada na cadeira. Na gravação, que ocorreu no dia 21 de outubro, é possível ver que uma funcionária amarra o filho de Tainara em uma cadeira com um pedaço de pano branco. O menino é preso pela cintura e braços.

Outras funcionárias passam pelo local e tratam a situação com normalidade. Crianças também brincam no mesmo corredor em que o garoto está amarrado. Não há informações sobre quanto tempo o menino ficou preso no local, mas a gravação dura cerca de seis minutos.

“Fizeram uma contenção nele e o deixaram amarrado por muito tempo. Não é só a tia que amarrou ele, são outras funcionárias que passam pelo corredor e não o amparam. A rotina da creche estava acontecendo naturalmente, o que me leva a acreditar que isso acontecia de forma rotineira. Que o cadeirão do castigo era normal, uma forma de disciplina do colégio”, disse Tainara em entrevista ao UOL.

Menino tinha pesadelos e, durante o sono, gritou “sai, tia”, conta a mãe. O UOL teve acesso ao BO, registrado no último dia 27 de novembro. De acordo com o documento, a mãe do menino afirma ter presenciado comportamentos fora do padrão por parte da criança.

Menino passou a não querer mais ir para a creche. Ainda segundo o relato do boletim de ocorrência, ele contou à mãe que ficava em um castigo na hora do intervalo.

A mãe afirma ter questionado a coordenação da escola sobre os episódios, que começaram a acontecer depois de o menino ter trocado de professora. Como solução, a coordenação teria sugerido que ele voltasse a ficar sob os cuidados da professora anterior, de quem não se queixava.

O comportamento do filho, diz o BO, melhorou com a mudança de professora. Contudo, depois de alguns meses voltou a ficar estranho.

De acordo com o relato, a mãe teria confrontado mais uma vez o Colégio Criativa. A professora detalhou o castigo, chamado de “cadeirão”, para onde as crianças são levadas quando ficam agitadas. Segundo a mãe, entretanto, o colégio afirmou que não tinha imagens de câmeras de segurança.

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Em nota, a pasta esclareceu que “as partes envolvidas serão intimadas a prestar depoimento e a equipe da unidade realizará outras diligências visando o esclarecimento dos fatos”.

Profissional foi demitida

Em suas redes sociais, a creche informou que a funcionária responsável pelos maus-tratos foi desligada da instituição. Em nota, a escola afirma que “não compactua com atitudes que não estejam alinhadas aos valores éticos e educacionais que norteiam a instituição” e se coloca à disposição para eventuais esclarecimentos.

“Acredito que o vídeo, por si só, já demonstra de forma clara e incontestável a crueldade da situação”. Em entrevista ao UOL, a advogada Dayane Carvalho, que representa a mãe do menino, diz que as investigações foram iniciadas e que autoridades estão trabalhando para esclarecer os detalhes.

Já foram tomadas as medidas judiciais necessárias para garantir que a justiça seja feita. Acredito que o vídeo, por si só, já demonstra de forma clara e incontestável a crueldade da situação, o que reforça a necessidade de uma ação rápida e eficaz por parte do sistema judicial. Espero que a justiça seja aplicada de forma plena e que todos os responsáveis sejam devidamente punidos. 

Dayane Carvalho, advogada da mãe

Veja nota publicada pela escola

“Prezados pais, responsáveis e comunidade escolar. Tomou-se conhecimento de uma notícia envolvendo uma conduta inadequada de uma ex-funcionária do nosso colégio. Em respeito ao compromisso com a comunidade acadêmica envolvendo pais, alunos e funcionários, reiteramos nosso posicionamento em prol da transparência, responsabilidade, segurança e bem-estar dos alunos.

O fato noticiado está sendo averiguado pela direção com a seriedade necessária a fim de que as medidas pertinentes possam ser tomadas. O colégio prestará ao poder público todas as informações pertinentes, bem como apoiará as ações de investigação para que os envolvidos sejam responsabilizados por suas atitudes e decisões. Esclarecemos que, em razão do quanto foi apurado até o momento, a direção do colégio procedeu o desligamento de uma funcionária, por justa causa.

Ressaltamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com atitudes que não estejam alinhadas aos valores éticos e educacionais que sempre nortearam nossa instituição. Nosso compromisso é sempre com a segurança, o bem-estar e a formação de nossos alunos em um ambiente de respeito e integridade. Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos e agradecemos a confiança em nosso colégio.”

Redação com Uol

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