Anadia/AL

22 de dezembro de 2024

Anadia/AL, 22 de dezembro de 2024

Com Argentina ‘insustentável’ de Milei, estudantes de medicina voltam ao Brasil

O aumento dos preços no país vizinho foi agravado pela inflação descontrolada e pela desvalorização do peso argentino. 09h19min.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 14 de dezembro de 2024

G 2

Javier Milei no G20, Rio de Janeiro-RJ, (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Por Laís Nogueira

Nos últimos anos, a Argentina atraiu milhares de brasileiros com o sonho de cursar medicina a custos acessíveis. No entanto, um cenário econômico desfavorável e a alta nos preços acabaram transformando esse sonho em um pesadelo para muitos. Segundo matéria do G1, dezenas de estudantes brasileiros decidiram abandonar o país e voltar ao Brasil, impulsionados pelo aumento do custo de vida e pela instabilidade financeira provocada pelas políticas econômicas do presidente argentino Javier Milei.

Entre os relatos de quem deixou o país está o de Danilo*, de 28 anos, que desembarcou na Argentina em 2022 cheio de expectativas. Ele conta que os primeiros anos foram promissores, mas a realidade começou a mudar drasticamente em 2023.

“O custo de vida se tornou insustentável, a mensalidade da universidade foi aumentando mês a mês e eu precisei gastar cada vez mais com moradia, transporte, alimentação e até material para a universidade”, explica o jovem, que viu suas despesas saltarem de R$ 3,5 mil mensais para quase o triplo em setembro deste ano. Em outubro, sem alternativas, fez as malas e voltou para o Brasil.

Impactos econômicos e sociais

O aumento dos preços no país vizinho foi agravado pela inflação descontrolada e pela desvalorização do peso argentino. Muitos estudantes brasileiros, que dependiam de apoio financeiro de familiares no Brasil ou de salários recebidos em reais, perderam o poder de compra. Além disso, as universidades privadas passaram a reajustar mensalidades de forma imprevisível, com valores que chegavam a dobrar de um mês para outro.

O cenário também afetou o mercado imobiliário, onde aluguéis começaram a ser cobrados em dólar, com contratos curtos e frequentes aumentos. Soma-se a isso o aumento de casos de xenofobia, como relata Marcela*, de 32 anos:
“Lá, infelizmente, sofremos muita xenofobia, discriminação, inclusive na faculdade, e aguentar tudo isso por anos longe da família não é fácil.”

O retorno ao Brasil: novas esperanças e desafios

De volta ao Brasil, muitos estudantes enfrentam o desafio de validar os anos de estudo cursados na Argentina e retomar a graduação em universidades brasileiras. Esse é o caso de Bruno*, de 33 anos, que cursava o quinto ano de medicina na Universidad Abierta Interamericana (UAI) e decidiu retornar antes de concluir o curso.

“Resolvi voltar porque os custos estavam insuportáveis. Aqui, já fui aprovado em uma universidade privada do interior de São Paulo e agora estou batalhando para transferir as disciplinas cursadas”, afirma.

Para outros, como Marcela, o retorno também é uma forma de recuperar a saúde mental. Apesar de ainda sonhar em concluir a graduação, ela acredita que estudar no Brasil agora é mais viável:
“Hoje, lá, quem faz uma [universidade] particular gasta, ao todo, cerca de R$ 7 mil, R$ 8 mil, e a esse preço, a gente faz um esforço e estuda no nosso país.”

De crise a oportunidade

Os relatos de brasileiros que deixaram a Argentina evidenciam os impactos de uma crise que vai além da economia, afetando profundamente aspectos sociais e emocionais. Ao mesmo tempo, o retorno ao Brasil oferece a chance de recomeçar, mesmo em meio às dificuldades de validação de estudos e adaptação.

Enquanto alguns buscam novos horizontes em países como o Paraguai, outros veem no Brasil a possibilidade de realizar o sonho de se formar em medicina sem os altos custos e as pressões vividas no exterior. Para esses estudantes, a volta ao lar é, acima de tudo, um ato de resiliência e perseverança.

Redação com Brasil 247

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