Anadia/AL

17 de outubro de 2025

Anadia/AL, 17 de outubro de 2025

Com gestão caótica, prefeito bolsonarista de Cuiabá volta atrás e pede recursos a governo Lula

Abílio Brunini, famoso pela lacração nas redes, disse que nunca pediria nada ao petista.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 17 de outubro de 2025

P.8

Abilio Brunini - Foto: TV Centro América

Por Gabriel Gomes 

Conhecido pelos vídeos de lacração extremista nas redes sociais e provações a parlamentares de esquerda quando foi deputado federal, o prefeito bolsonarista de Cuiabá (MT) Abílio Brunini (PL) colocou a administração municipal em uma grave crise financeira, após dez meses de mandato.

O prefeito, que, no início da gestão, já descartou pedir dinheiro ao governo Lula, agora diz buscar recursos juntos à União para tentar solucionar os problemas da cidade. Nesta semana, Abílio admitiu a possibilidade de decretar calamidade financeira no município pela segunda vez em 2025.

Em declarações recentes, Abílio chegou a afirmar que “Cuiabá não precisa do dinheiro do governo Lula”. A última declaração do prefeito nesse sentido ocorreu há menos de um mês, em 18 de setembro. Na ocasião, Abilio afirmou: “O município de Cuiabá, enquanto eu estiver na frente da prefeitura, não se senta com o pessoal da esquerda, porque a gente não gosta de sentar com mentiroso”.

Na última semana, após o agravamento da crise financeira da gestão municipal, o discurso mudou e Abílio Brunini admitiu que pessoas ligadas à sua administração estão buscando recursos junto ao governo federal. “Quanto ao governo federal, nós temos diversas pessoas articulando para buscar projetos e tudo mais. Nós protocolamos pedidos do novo PAC em todos os processos. Foram liberadas 4 creches para nós. Mas nós protocolamos mais de 40 projetos, e os outros não foram aprovados”, afirmou o prefeito em entrevista à imprensa na quinta-feira (9).

Situação financeira de Cuiabá

Abílio cogita a possibilidade de decretar calamidade financeira no município. A medida teria o objetivo de evitar o agravamento da situação fiscal da prefeitura, que, segundo estimativas, pode encerrar o ano com déficit de até R$ 364 milhões, sendo R$ 120 milhões somente na saúde. Ao todo a Prefeitura de Cuiabá acumula cerca de R$ 1 bilhão em déficit a curto prazo, de acordo com o gestor.

“Não está descartado [o decreto de calamidade], o que a gente está fazendo é uma contenção de despesas, tentando encaixar dentro do nosso orçamento aquilo que for possível. Sabidamente não vai fechar no zero a zero no final do ano mas nós vamos tentar coordenar aí o que a gente consegue ajustar. A saúde é a minha prioridade da gente conseguir resolver“, disse Abílio Brunini.

O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini ( Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)Abílio Brunini, nos tempos de deputado federal (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

No dia 1° de outubro, o prefeito anunciou um decreto de alerta financeiro especificamente para a Secretaria Municipal de Saúde. Esse tipo de decreto não altera a rotina legal de contratações nem permite dispensa de licitação, como ocorre no caso de uma calamidade pública, que é um estágio mais grave.

A situação ocorre mesmo após a gestão municipal ter aberto mão da taxa do lixo, cancelado o programa de refinanciamento de dívidas (Refis) e recusado um empréstimo de mais de R$ 180 milhões já aprovado pela Câmara Municipal. Segundo apuração do Blog do Popó, mais de 200 trabalhadores da Limpurb foram demitidos nas últimas semanas, provocando acúmulo de lixo e sujeira em vários bairros da cidade.

Em janeiro deste ano, no terceiro dia de gestão, Abílio assinou um decreto de calamidade financeira que teve a duração de 180 dias. A medida determinava a redução de despesas em 40%, além da reavaliação de licitações e contratos. À época, a justificativa do prefeito foi a “situação fiscal deixada pela gestão anterior”.

Em vídeo, servidora de Cuiabá diz que se arrepende de voto em Abílio

Na segunda-feira (13), um vídeo, que circula nas redes sociais, mostra uma servidora da Saúde Municipal de Cuiabá afirmando, durante um protesto na Praça Alencastro, que se arrependeu de ter votado no prefeito Abílio Brunini. A manifestação ocorreu em meio às discussões sobre uma possível greve dos profissionais da saúde da cidade, motivada pelo corte no adicional de insalubridade dos enfermeiros.

“Eu votei em você, porque eu não sou petista. Eu votei em você. Só que desde que você tá aí, só fala de lei. Mas a sua lei, hoje, faz com que a gente apanhe nos postos de saúde. Somos desprezados, porque você disse que dá todo aval para o paciente. Aí o paciente chega agredindo, dando tapa na cara da gente. Você falou de lei, mas nunca aprovou uma lei para nos proteger”, desabafou a servidora.

Na manifestação, Abílio foi vaiado quando fez referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Abílio Brunini

Abílio Brunini tem 41 anos e é arquiteto-urbanista. Sua família comandou por décadas a Assembleia de Deus em Mato Grosso. Entrou na política em 2016, quando foi eleito vereador pelo PSC no palanque do atual prefeito Emanuel Pinheiro.

Rompeu com ele em 2017 e passou a atuar na oposição. Migrou para o Podemos e lançou-se candidato a prefeito em 2020. Chegou ao segundo turno em primeiro lugar. No entanto, acabou sendo derrotado por Emanuel Pinheiro.

Seguidor de Bolsonaro, Brunini migrou para o PL em 2022, e foi eleito deputado federal. Chegou a pedir novas eleições após o segundo turno, quando Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Lula (PT).

Abílio Brunini é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Cuiabá

Abílio Brunini é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Na Câmara, Abílio se tornou conhecido pela lacração nas redes sociais, com falas extremistas e provocações a parlamentares de esquerda. Em uma das situações, Abílio tentou impedir um ato em defesa do povo palestino, foi expulso da sala de audiência e conduzido para fora pela Polícia Legislativa, sob vaias.

Em uma sessão da CPMI do 8 de janeiro, no Congresso, foi acusado, pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) de fazer um gesto supremacista branco. O deputado interrompeu uma fala do colega de parlamento, Duarte Júnior (PSB), que pediu um minuto a ele. Em seguida, o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), chama a atenção de Brunini, dizendo que ele “sempre causa tumulto nas sessões”. Em contrapartida, Abílio faz um gesto com as mãos.

Gesto feito por Abílio. (Foto: Reprodução)

Abílio disse que o símbolo foi para indicar que ele queria “mais três minutos” de fala.

O que diz a Prefeitura de Cuiabá?

ICL Notícias procurou a Prefeitura de Cuiabá e questionou sobre a possibilidade de decretar nova calamidade financeira e a busca por recursos junto ao governo federal depois de o prefeito declarar várias vezes que nunca procuraria o governo Lula. O ICL não obteve respostas até o fechamento de reportagem.

Fonte: ICL Notícias

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