O dia de Corpus Christi será celebrado em Anadia nesta quinta-feira (30/05) com Missa Solene na Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade e procissão pelas ruas do centro da cidade. Muitos fiéis católicos vão percorrer acompanhar a celebração.
Corpus Christi é uma festividade católica que celebra a presença real de Cristo na Eucaristia. Foi instituída pelo papa Urbano IV em 1264, no século XIII, e ocorre sempre numa quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, exaltada uma semana depois da festa de Pentecostes. Neste ano, a solenidade atinge a marca 760 anos ininterruptos de celebrações ao redor do mundo e acontece em 30 de maio.
De acordo com Ana Beatriz Dias Pinto, professora do curso de Teologia da PUCPR, o relato bíblico indica que a Eucaristia foi celebrada pela primeira vez na Santa Ceia, durante a Quinta-feira Santa. “É por isso que a festa de Corpus Christi acontece sempre numa quinta-feira. É uma alusão a este episódio histórico, no qual Jesus Cristo instituiu a Eucaristia. Aliás, a palavra Corpus Christi, que vem do latim, justamente significa que se tratava de um modo Dele permanecer com sua comunidade de fé, pois a Eucaristia celebrada é o próprio Corpo de Cristo”, complementa a teóloga.
Qual a origem da comemoração de Corpus Christi?
Ana Beatriz Dias Pinto ainda esclarece que festa de Corpus Christi tem suas raízes em uma devoção belga que surgiu a partir de visões de Santa Juliana de Cornillon. “Segundo a santa, o próprio Cristo a teria ajudado a interpretar uma de suas visões, na qual viu a lua sendo atravessada por uma faixa escura. Assim, indicou-lhe a necessidade de uma festa litúrgica em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”.
Tais visões foram relatadas ao padre Thiago Pantaleão, que veio a se tornar mais tarde o papa Urbano IV, tendo ganhado ainda mais força com toda a narrativa do famoso milagre de Bolsena, na Itália, em 1263, quando uma hóstia consagrada começou a sangrar.
Isto foi um impulso para reforçar a fé católica que já tinha testemunhado fenômeno semelhante quando ocorreu, no século VIII, o milagre de Lanciano (em que durante uma Missa a hóstia adquiriu a aparência de carne e o vinho a aparência de sangue humano). “Tais fenômenos reforçaram a presença real e sensível de Cristo nas espécies consagradas, por meio da transubstanciação, reforçando a confissão de fé eucarística na Igreja Católica”, recorda a docente.
Devido ao avanço do protestantismo, no século XVI, a devoção à Eucaristia ganhou força por meio de procissões e exposições, sendo cada vez mais intensificada na prática do catolicismo.
Celebração para o povo e nas ruas
Para celebrar este Cristo presente na vida da Igreja, se enfeitam as ruas com tapetes feitos de sal, serragem, borra de café, areia e flores, para que Jesus Eucarístico possa passar pelas ruas e abençoar as cidades e seus moradores, que por sua vez lhe conferem adoração e atos de fé. “Esses tapetes remetem a outro trecho bíblico, mais especificamente ao momento em que Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém”, explica Ana Beatriz.
A festa de Corpus Christi, portanto, “é um instrumento que reafirma a crença na ressurreição do corpo e celebra a vida na Terra, reconhecendo a presença do Sagrado no cotidiano, sendo celebrado pelo povo e pelo clero numa manifestação clara de que a fé pode e deve transpassar do interior das igrejas e transitar pelas ruas para chegar ao coração das pessoas, assim como objetiva a mensagem do Evangelho”, conclui a professora da PUCPR.
O que significa Corpus Christi?
A palavra Corpus Christi vem do latim, que significa “Corpo de Cristo” ou “Corpo de Deus”. A tradição diz que Jesus, na véspera de sua crucificação, se reuniu com os apóstolos na ceia e instituiu a Eucaristia.
Foto: Reprodução
Costume herdado de Portugal
Assim como muitas outras tradições que ainda mantemos atualmente, a criação dos tapetes de Corpus Christi é algo herdado de Portugal ainda durante o período da colonização. Por lá, a prática de decorar as portas das igrejas com desenhos que fazem referência a vinho, pão e outros elementos litúrgicos já existia na região dos Açores desde o século XIII.
Redação com PUCPR