Anadia/AL

4 de janeiro de 2025

Anadia/AL, 4 de janeiro de 2025

De piolhos a infecção no dente: crianças em situação de abandono vão para abrigo

Sete irmãos de 6 a 12 anos de idade foram resgatados e acolhidos após denúncia.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 4 de janeiro de 2025

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Crianças viviam em um ambiente insalubre e sem higiene. Reprodução

Por Mariane Rodrigues

Problemas de infecção no dente por três meses, surgimento de piolhos e ferimentos na cabeça, estado de subnutrição, e moradia em local sem nenhuma higiene. Essa foi a situação encontrada de sete irmãos, com idades entre 6 e 12 anos de idade, na cidade de Branquinha, interior de Alagoas. Eles foram resgatados e agora estão em um abrigo, onde permanecerão até a Justiça decidir o destino deles, que podem ir para a adoção.

As sete crianças moravam com a mãe. Duas delas são de um relacionamento anterior da mulher e as outras cinco da relação atual da genitora. Após denúncias, a Defensoria Pública de Alagoas entrou com um pedido na Justiça para que os irmãos ficassem afastados do casal, o que foi acatado.

De acordo com o defensor público de Alagoas João Augusto Sinhorin, a situação encontrada na residência em Branquinha era “dramática”. Os sete irmãos, segundo ele, viviam em situação de negligência.

“Desde o mais novo, que a gente tinha informações de subnutrição, até a mais velha, com 12 anos, que já era vítima de violência sexual. Todas essas crianças já tinham históricos, episódios muito problemáticos, uma delas com infecção no dente há mais de três meses, que a família vinha recusando tratamento. Outras que estavam contraindo piolho, ficaram numa situação tão grave, por falta de tratamento da família, que ficaram com feridas na cabeça. A situação da casa lamentável, sem qualquer condição de higiene, sem qualquer condição de permanecer com essas crianças”, relatou o defensor público em entrevista à imprensa.

O caso já era acompanhado por instituições locais, a exemplo do Conselho Tutelar e do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Os órgãos articulavam há vários meses uma solução para essa situação, segundo o defensor. Ele afirma que um parente chegou a procurar o Conselho Tutelar, mas, mesmo diante de “tantas intervenções”, o caso não foi solucionado.

“Atualmente elas se encontram devidamente acolhidas, estão no abrigo, estão sendo acompanhadas, estão com acompanhamento psicossocial e estão recebendo cuidado e atenção que já deveriam receber há muito tempo nas suas vidas”, afirmou o defensor público.

João Augusto Sinhorin disse ainda que as equipes levaram 48 horas, entre o recebimento da denúncia e a retirada dos irmãos da residência. A prioridade era proteger a integridade das crianças.

“Elas estão bem e agora temos que responsabilizar os culpados. Saber qual a extensão da culpa desses pais. Se é só o crime de negligência, abandono material, se existem outros crimes que daí decorrem, e também, principalmente, a conivência dessa família com o crime sexual que a criança mais velha pode ter sofrido conforme as denúncias que recebemos”, disse ele.

Inicialmente, as crianças ficarão 60 dias no abrigo com proibição de os pais se aproximarem delas ou manter qualquer tipo de contato. Mas depois desse período, o defensor explicou que elas continuarão no abrigo.

Agora o caso será submetido a processo judicial. O defensor explica que o procedimento padrão é que as crianças possam ir para um membro da família para que elas não percam o convívio entre irmãos.

“A gente não conseguindo nenhum membro da família que possa continuar com eles, que essas crianças sejam colocadas para adoção. Para que, pessoas que tenham realmente vontade, interesse em cuidar dessas crianças tão necessitadas, tão amorosas, possam recebê-las como filhos e eles receberem o amor necessário de uma família”, concluiu o defensor.

Redação com Gazeta Web

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