Por: Manuela de Moura
O governo dinamarquês condenou, nesta quinta-feira (27/3), as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a Groenlândia. O republicano intensificou sua retórica sobre a aquisição do território semiautônomo da Dinamarca. As autoridades dinamarquesas também elogiaram a resiliência dos habitantes groenlandeses diante da crescente pressão americana.
Nessa quarta-feira (26/3), Trump declarou que os EUA precisam da Groenlândiapor razões de segurança nacional e internacional.
“Acho que iremos até onde for preciso. Precisamos da Groenlândia e o mundo precisa que tenhamos a Groenlândia, incluindo a Dinamarca”, declarou o líder norte- americano.
O ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, classificou as declarações de Trump como uma escalada retórica inaceitável.
“Essas declarações tão poderosas sobre um aliado próximo não combinam com o presidente dos EUA”, afirmou Poulsen.
Ele acrescentou que “a retórica endurecida é, em todos os sentidos, rebuscada”.
Mette Frederiksen, primeira-ministra dinamarquesa, também se manifestou, elogiando os moradores da Groenlândia por sua postura firme diante da pressão externa.
“A atenção é avassaladora e a pressão é grande, mas é em momentos como este que vemos a verdadeira força do povo groenlandês”, disse Frederiksen.
A tensão aumentou com a visita programada do vice-presidente dos EUA, JD Vance, à base militar americana em Pituffik, no norte da Groenlândia, prevista para sexta-feira (28/3). Inicialmente, estava planejado que sua esposa, Usha Vance, participasse de uma popular corrida de trenós puxados por cães na região. No entanto, devido a protestos locais, essa parte da visita foi cancelada.
O interesse de Trump pela Groenlândia não é novidade. Em janeiro deste ano, ele sugeriu que os EUA utilizassem pressões econômicas ou até força militar para obter controle sobre a ilha, ressaltando sua importância estratégica para conter a influência de China e Rússia no Ártico.
Pesquisas de opinião indicam que a maioria da população da Groenlândia se opõe à ideia de se tornarem parte dos Estados Unidos. Nas últimas semanas, a ilha testemunhou algumas das maiores manifestações antiamericanas de sua história, refletindo o descontentamento da população local com as investidas de Washington.
O ministro Poulsen enfatizou que cabe ao povo groenlandês determinar seu próprio futuro, reiterando o compromisso da Dinamarca com a autonomia e autodeterminação da ilha.
Redação com Metrópoles