Durante depoimento na CPI da Braskem, no Senado, o vice-presidente da petroquímica Marcelo Arantes admitiu, pela primeira vez, que a empresa tem culpa no processo de afundamento do solo em bairros de Maceió. A fala aguardada e de repercussão na imprensa ocorreu nesta quarta-feira (10).
“A Braskem tem sim a contribuição e é responsável pelo evento acontecido em Maceió. Não é à toa que todos os esforços da companhia têm sido para mitigar e compensar todo dano causado”, declarou Marcelo Arantes.
O executivo citou o programa de compensação e disse que, após o encerramento das atividades de extração de sal-gema na região, a prioridade da Braskem foi garantir a segurança das pessoas nas áreas afetadas. Segundo ele, a empresa ofereceu toda a estrutura necessária para a realocação dos moradores.
De acordo com o diretor, após paralisar as atividades de extração na capital alagoana, a Braskem contratou institutos nacionais e internacionais para realizarem novos estudos e indicarem as soluções para a realocação das pessoas dos bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Farol e Bebedouro.
“Nossa prioridade foi sempre a segurança das pessoas. De dezembro de 2019 a dezembro de 2022, foram realocados aproximadamente 40 mil moradores dos cerca de 14,5 mil imóveis que estão dentro das áreas de desocupação definidas pela Defesa Civil em 2020. Sabemos do impacto social causado na vida das pessoas que moravam nesses bairros, que são tradicionais na cidade de Maceió”, disse Marcelo Arantes.
A petroquímica realizou, conforme ele, mais de 19 mil propostas de compensação, além de acordos com autoridades municipais, estaduais e federais.
“Atualmente, 99,8% das pessoas já receberam a proposta e 95% já receberam a indenização; R$ 15,5 bilhões foram provisionados pela empresa e R$ 9,5 bilhões já foram desembolsados, sendo R$ 4,5 bilhões pagos em indenizações a moradores e comerciantes” destacou Arantes, em trecho publicado pela Agência Senado.
Ainda de acordo com a Agência Senado, no início da reunião, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli havia concedido habeas corpus para Marcelo Arantes, permitindo que o executivo ficasse em silêncio em questões que pudessem incriminá-lo.
Já o relator, senador Rogério Carvalho (PT-SE), afirmou que o diretor da petroquímica falou “inverdades” em seu depoimento e que, apesar de ele representar a Braskem, não tinha “competência” para responder perguntas técnicas.
Fonte: Gazeta Web