O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta sexta-feira (1º) a demissão de Erika McEntarfer, comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS), órgão responsável pelas estatísticas sobre mercado de trabalho, após a divulgação de um relatório de empregos fraco e com fortes revisões negativas nos dados de meses anteriores. A decisão, revelada pela Reuters, gerou apreensão entre especialistas sobre a crescente pressão política sobre órgãos técnicos e independentes no país.
McEntarfer foi indicada pelo então presidente Joe Biden em 2023 e confirmada pelo Senado no ano seguinte. Em sua rede Truth Social, Trump atacou diretamente a servidora: “Precisamos de números de empregos precisos. Ordenei que minha equipe demitisse imediatamente essa indicada política de Biden. Ela será substituída por alguém muito mais competente e qualificado.” Não há qualquer evidência que sustente as acusações de manipulação de dados pelo BLS, órgão responsável por compilar relatórios cruciais para a economia, incluindo o de emprego e os índices de preços ao consumidor e ao produtor.
O episódio evidencia a crescente erosão democrática nos Estados Unidos. O governo Trump vem promovendo uma política de desmonte institucional, marcada por demissões em massa no funcionalismo federal e ataques à independência de órgãos técnicos. A interferência direta em estatísticas oficiais fragiliza a credibilidade dos dados econômicos, historicamente considerados referência mundial, e coloca em xeque a separação entre decisões políticas e a produção de informações públicas confiáveis.
A ofensiva contra o BLS não é isolada. Neste ano, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, dissolveu dois comitês de especialistas que assessoravam a produção de indicadores econômicos e chegou a sugerir mudanças radicais no cálculo do Produto Interno Bruto, alegando que “governos historicamente têm manipulado o PIB”. Paralelamente, o BLS já havia reduzido a coleta de dados para os relatórios de preços ao consumidor e ao produtor.

