Coluna Paulo Cappelli
Dono da clínica citada por Pablo Marçal para tentar associar Guilherme Boulos ao uso de cocaína, Luiz Teixeira da Silva, de 44 anos, já foi preso sob a acusação de fraudar e desviar cerca de R$ 20 milhões da área da Saúde. Tanto o médico quanto a sua esposa, Liliane Bernardo Rios da Silva, foram alvos da Polícia Federal e da Polícia Civil em 2019, no âmbito da operação Pégaso, que ocorreu tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo.
O esquema de corrupção, segundo as investigações, envolveu as cidades de Barueri, Cajamar, Campo Limpo e São Roque, em São Paulo. Luiz Teixeira e Liliane estavam hospedados em um apart hotel de luxo em São José dos Campos quando foram presos. O casal chegou a ficar dois anos foragido da Justiça. Nas redes sociais, Luiz Teixeira se mostra amigo e admirador de Pablo Marçal.
O médico era diretor da Organização Social Federação Nacional das Entidades Sociais e Comunitárias (Fenaesc), que cuidava da administração da Saúde Pública de Cajamar. Os investigadores descobriram que recursos desviados da saúde pública dessas cidades foram investidos na compra da operadora de planos de saúde Medical Rio, em Niterói (RJ).
Para esconder os responsáveis pela transação financeira, o casal colocou a empresa em nome da empregada doméstica e do motorista da família. Luiz Teixeira da Silva também é dono da clínica Mais Consultas, que produziu o laudo que atesta suposto consumo de cocaína por Guilherme Boulos. O candidato do PSol afirma que o documento é fraudado e que pedirá a prisão de Pablo Marçal.
A coluna teve acesso ao decreto de prisão expedido pela Justiça contra Luiz Teixeira e sua esposa: “Ao que tudo indica, os Réus Luiz Teixeira da Silva Júnior e Liliane Bernardo Rios da Silva fazem do crime um hábito de vida. Conforme já referido, o Réu Luiz Teixeira da Silva Júnior é reincidente em crime doloso. Já a Ré Liliane Bernardo Rios da Silva, embora aparente não ser reincidente, já teve passagem por solo policial”, diz trecho do documento.
“Mais grave que isto, no entanto, é o fato de que ambos vêm praticando crimes de maneira seriada, em detrimento do erário e do sistema de saúde pública municipal, causando prejuízos de ordem milionária e colocando em risco serviço público essencial”.
A polícia também apontou que Luiz Teixeira sacava constantemente valores da Medical Rio, fazendo a emissão de notas fiscais frias de prestação de serviços, em benefício da empresa de fachada Pratice Administradora de Cartões LTDA, sediada em Mairiporã. Essas operações falsas, de acordo com os investigadores, permitiam a volta do dinheiro para Teixeira.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2018, o ministro Alexandre de Moraes negou pedido da defesa de Liliane Bernardo, mulher de Luiz Teixeira, para que a prisão preventiva fosse convertida em domiciliar.
Caso chegou ao STF
Diz a decisão judicial de Alexandre de Moraes:
“Por fim, o decreto prisional também encontra-se suficientemente fundamentado para a garantia da ordem pública, haja vista o recorrente LUIZ TEIXEIRA ser reincidente
e a recorrente LILIANE BERNARDO possuir passagens policiais anteriores , a justificar a imposição da segregação cautelar em virtude do fundado receio de reiteração delitiva”.
“A agravante [Liliane] foi apontada como integrante de organização criminosa voltada para prática de crimes contra recursos da saúde pública municipal. A prisão preventiva também
se justifica para conveniência da instrução criminal, em razão do fundado receio de que possa constranger pessoas relevantes para a apuração dos fatos. Na espécie, os graves fatos imputados à agravante não revelam quadro apto a justificar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar.”
Nesta sexta-feira (4/10), Pablo Marçal divulgou um laudo com data de 2021 produzido pela clínica Mais Consultas, de Luiz Teixeira, no qual aparece a assinatura de um médico já falecido atestando o suposto consumo de cocaína por Guilherme Boulos. O Instagram removeu a publicação de Marçal.
Redação com Metrópoles