Por Davi Salsa – Sucursal Arapiraca
As terras férteis do município de Arapiraca estão sendo utilizadas para um experimento com o tomate BRS Equatorial.
As pesquisas ocorrem em duas propriedades, no Sítio Bom Jardim, na Chácara Santa Luzia, com manejo orgânico, e na comunidade quilombola de Carrasco, com manejo convencional.
O experimento está a cargo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De acordo com o engenheiro-agrônomo Anderson Soares, Mestre em Tecnologias Ambientais e especialista na produção de hortaliças, revela que a pesquisa é desenvolvida em duas áreas experimentais com cerca de 900 metros quadrados.
Ele explica que a parceria com a Embrapa Hortaliças começou no ano de 2019, com a produção de cenouras melhoradas pela empresa e testes com agricultores nos sistemas de manejo convencional e orgânico. Depois disso, em 2020, prossegue Anderson Soares, a equipe começou a trabalhar com tomates da Embrapa em parceria com agricultores familiares.
O engenheiro-agrônomo diz que o objetivo da pesquisa foi, à época, avaliar o comportamento produtivo dos materiais melhorados pela Embrapa, nas condições do semiárido, com os tomates BRS Nagai, BRS Montese.
No ano de 2022, a equipe da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Arapiraca iniciou os testes com o tomate BRS Equatorial, outro material desenvolvido pela Embrapa e que hoje se encontra disponível no mercado.
Cultivo protegido
O trabalho com estruturas de cultivos protegidos se iniciou e avançou no ano de 2023, em um projeto escrito pela Embrapa Hortaliças, em parceria com a Prefeitura de Arapiraca e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
Anderson Soares adianta que a equipe trabalhou em uma propriedade com manejo orgânico de produção, no ano de 2023, e com um tomate da Embrapa, o BRS Montese.
Em 2024, a pesquisa incluiu mais um produtor, agora no manejo convencional de produção, no Sítio Carrasco, na propriedade do senhor Erotildes Gerônimo, que também é remanescente quilombola. Além dele, também foi repetido o experimento na área orgânica, uma vez que já havia sido concluído a etapa anterior do projeto.
“Por ser um material melhorado geneticamente pela Embrapa, o diferencial dele é o maior potencial de produção em condições adversas, tais como a do semiárido nordestino e menor utilização de insumos agrícolas, entre os quais fertilizantes sintéticos e agrotóxicos ou defensivos agrícolas”, explica.
O engenheiro-agrônomo da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Arapiraca salienta que o município tem uma reforma agrária natural e dispõe de áreas pequenas para a produção de tomates, em relação a outras regiões do estado de Alagoas.
“Esse fator de Arapiraca leva em conta uma diminuição do custo de produção e disponibilidade de um tomate com qualidade comercial, que pode incrementar a receita dos produtores locais”, acrescenta.
Inovação
Outro aspecto positivo da nova espécie de tomate é a tolerância à água salina, que são condições que ambas as propriedades encontram, visto que os tomates cultivados em anos anteriores não foram tolerantes à água com teores de sais.
Atualmente, na região de Arapiraca existem 30 produtores do fruto. Além disso, a agricultura familiar local tem como fontes principais a produção de mandioca, macaxeira e hortaliças, a exemplo de alface, coentro, couve-flor e pimentão.
Na área aberta, a produção estimada é de 3 kg por planta, o que daria uma safra de 62 toneladas de tomate por hectare.
Já na área protegida, a expectativa é de 6 kg por planta, com a produção de 124 toneladas por hectare.
“Um dos objetivos do trabalho é justamente mostrar a viabilidade técnica e econômica do material desenvolvido pela Embrapa e demonstrar que a nossa secretaria dispõe de alternativas quanto às orientações técnicas para quem quiser investir na cultura”, explica Anderson Soares.
O engenheiro-agrônomo frisa que a ideia é a repetição dos experimentos neste ano de 2025 em ambas as propriedades, com os mesmos materiais, objetivando a consolidação de mais dados e a formação de uma série histórica.
Soares adianta que o trabalho com essas estruturas de cultivo protegido com telas de sombreamento na região é inovador e buscar comparar os resultados com o tomate cultivado em solo sem as telas de sombreamento.
“Também estamos avaliando dentro de cada estrutura de cultivo protegido, a cobertura de solo com palhada e sem palhada, para avaliar esse efeito na produção”, revela o especialista, acrescentando que o projeto vai gerar Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de uma estudante do curso de Agronomia da Ufal, do campus de Arapiraca, que era estagiária da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Arapiraca e, no futuro, boletins técnicos para disponibilização para a sociedade e agricultores também em revistas científicas.
Redação com Tribuna Hoje
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