O tratorista André dos Santos, de 26 anos, foi um dos brasileiros deportados dos Estados Unidos que desembarcaram no voo que aterrissou por volta das 21h40 desta sexta-feira, 7, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Durante uma coletiva de imprensa, ele contou que arriscou a vida em busca do “sonho americano”.
Nascido em Rondônia, André revelou que permaneceu detido nos Estados Unidos desde novembro até seu retorno à capital mineira nesta sexta-feira. Antes de tentar a vida no exterior, ele trabalhava operando máquinas agrícolas.
“Minha ida pra lá foi meio que aterrorizante. Foram dias sem comer, dias de estrada, perigo de pessoas que mexem com tráfico humano e de drogas. Era um medo terrível”, disse ele, que ingressou ilegalmente no país.
O brasileiro residia no Estado de Massachusetts e trabalhava com caminhão de guincho aproximadamente 14 horas por dia, todos os dias da semana, para garantir a renda necessária. No entanto, em novembro do ano passado, foi detido pela Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE).
“Numa segunda-feira, eram umas 8h da manhã, fui ao banco depositar um dinheiro até que uma viatura começou a me acompanhar e, até então, eu não tinha percebido. Depositei o dinheiro no banco, fui até o posto abastecer, até que, de repente, 15, 20 homens da força da ICE me cercaram. […] Quando eu vi o distintivo da polícia, eu entendi, a imigração me agarrou.
Foi dia 18 de novembro e, até então, estava preso. Fiquei três meses, e infelizmente é terrível. É judiador, você fica sem comer, sem beber, sem falar com a família, esperando o tempo deles. […] Graças a Deus, eu estou feliz de voltar com vida”, contou.
Embora ele tenha sido deportado, seus familiares, incluindo a esposa, permanecem nos Estados Unidos. Ele afirma que não teve mais notícias sobre a situação deles e não sabe se estão detidos ou se podem ser deportados.
“O conselho que eu dou para as pessoas é: pense bem antes de ir pra América, que lá não é o que vocês pensam que é. […] As coisas lá são caras, aluguéis são caros, prestação de carro é caro. Lá não é do dia pra noite que você vai colher o dinheiro da árvore, como dizem. […] Eu, em hipótese alguma, tentarei voltar aos EUA. Não vou mais passar essa humilhação”, alertou o brasileiro.
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Redação com Terra