“Até agora, nenhuma decisão foi tomada (…) Levará tempo para se preparar tal reunião. Pode levar semanas, ou um mês, ou vários meses”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em uma entrevista ao canal russo Pervy Kanal.
Em uma conversa telefônica de uma hora e meia com Donald Trump na quarta-feira (12), Vladimir Putin, que está no poder há um quarto de século, concordou em negociar “imediatamente” o fim do conflito na Ucrânia. A guerra já deixou dezenas de milhares de mortos e feridos na Ucrânia e na Rússia.
Quando Vladimir Putin lançou seu ataque militar à Ucrânia, há três anos, os Estados Unidos e a União Europeia intensificaram os esforços para isolar Moscou.
Entre os líderes europeus, apenas o húngaro Viktor Orban e o eslovaco Robert Fico continuaram a apoiar Putin.
Banido pelo Ocidente desde fevereiro de 2022, Putin emergiu das sombras graças ao chamado de Donald Trump, que abre caminho para negociações de paz com o russo.
Para sua consternação, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e os líderes europeus foram informados deste telefonema somente após a conversa.
Zelensky admitiu que “não foi muito agradável” que Trump tenha falado primeiro com Putin ao telefone. Ele pediu que Washington e Kiev concordassem com um plano para “parar” Putin, antes de qualquer discussão.
Nos Estados Unidos, o antecessor de Trump, o democrata Joe Biden, chegou a chamar o líder russo de “ditador sanguinário”, recusando qualquer contato com Putin durante três anos.
Tratado como um pária no Ocidente, Putin manteve o apoio de seus parceiros dentro do grupo dos BRICS, incluindo China e Índia, e de seus aliados mais próximos na antiga URSS nos últimos três anos. Ele também avançou seus peões na África e Ásia.
“A paciência de Putin valeu a pena”, disse à AFP a analista russa Tatiana Stanovaïa, radicada no exterior. Ela acredita que o presidente russo “trabalhou incansavelmente para ganhar o apoio de Trump sendo complacente, mostrando flexibilidade e disposição para chegar a um acordo”.
Reunidos em Paris, na quarta-feira (12), os ministros das Relações Exteriores de seis países europeus e o chanceler ucraniano alertaram, no entanto, que a Europa e Kiev devem “participar de qualquer negociação” sobre uma solução para a guerra na Ucrânia.
Pentágono pede Otan “grande”
O chefe do Pentágono pediu nesta quinta-feira para “tornar a Otan grande novamente”, fazendo uma referência à famosa frase de Donald Trump (Make America Great Again, faça a América grande novamente, em tradução livre), pedindo aos europeus que aumentem seus investimentos em defesa.
“O presidente Trump não deixará ninguém fazer o Tio Sam de bobo”, alertou o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, de Bruxelas, à margem de uma reunião ministerial da Aliança Atlântica.
Os presidentes russo e americano disseram que querem “trabalhar juntos” e chegaram ao ponto de convidar um ao outro para visitar seus respectivos países — além de uma reunião planejada, segundo Trump, na Arábia Saudita.
Fonte: RFI