Anadia/AL

21 de julho de 2024

Anadia/AL, 21 de julho de 2024

Engenheiro de minas se cala e relator da CPI diz que silêncio atesta culpa da Braskem

Paulo Roberto Cabral de Melo foi convocado como testemunha, mas usou o direito de não responder às perguntas da comissão.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 14 de maio de 2024

Brasil 1

Engenheiro de minas se cala em depoimento na CPI e relator atesta culpa da Braskem. Thiago Gomes

🇧🇷 Por Thiago Gomes

O engenheiro de minas Paulo Roberto Cabral de Melo, que atuou como gerente-geral da Planta de Mineração da Salgema, em Maceió, entre 1976 e 1997, decidiu não responder às perguntas feitas pelos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem.

Ele foi convocado como testemunha para ser interrogado pelos senadores na manhã desta terça-feira (14), mas garantiu o direito de ficar em silêncio por força de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A presença de Paulo Roberto Cabral de Melo, como responsável técnico pelas minas durante décadas, era aguardada com grande expectativa pelo colegiado da CPI para que pudesse fornecer informações importantes sobre aspectos técnicos e operacionais das atividades da Braskem em Maceió.

A convocação do engenheiro foi solicitada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE). O relator da CPI avalia que a postura do técnico no interrogatório foi interpretada como ‘um atestado de culpa da petroquímica’.

“Ficou entendido que o engenheiro está tentando esconder aquilo que todos nós já sabemos: a Braskem é responsável pela tragédia ambiental e socioeconômica que ocorre em Maceió”, ressaltou Carvalho.

“Já que o senhor não vai responder, podemos afirmar, com base nos relatórios e documentos que levantamos ao longo da CPI, que o senhor participou, sim, da contratação das empresas pelo que está dito aqui do depoimento que deu à polícia. O senhor participou da contratação do Álvaro Maia e também participou da contratação ou teve influência na contratação de relatórios para contestar os laudos feitos pelo DNPM e SGB, assumindo 100% das responsabilidades, como se todo o poder e toda a transferência de poder e operação da mina estivessem sob sua responsabilidade”, disparou.

Além disso, o senador Rogério reiterou que “essas responsabilidades, por mais que pareçam banais ou insignificantes para o senhor, que aqui fica calado, para 60 mil pessoas, significaram a mudança radical da vida delas”. “Para pelo menos 15 mil famílias tem sido uma mudança radical na existência da vida delas e dos seus descendentes”, afirmou.

O relator disse, ainda, que os atos cometidos pela Braskem resultaram na mudança de classe social das pessoas, tendo em vista que “sua classe social e a classe social dos seus descendentes, porque a sua fonte de riqueza e a continuidade da existência familiar e de uma condição familiar foram interrompidas”.

“Nós estamos falando da interrupção de mais de 60 mil vidas. E isso não pode ficar no silêncio de vossa senhoria como se tudo fosse uma mera questão de atender e de assumir os riscos e o ônus”, criticou.

“Só quem esteve lá, só quem vivenciou, só quem viu, sabe o grau do sofrimento, sem contar coisas que ainda não foram reveladas por essa CPI, que podem ser reveladas até a finalização do relatório. Porque, além de tudo isso, ainda há suspeita de que entre a indenização e o pagamento teve intermediário. Alguém intermediou como se aquilo fosse um precatório. Veja o grau de barbaridade e de miserabilidade humana envolto neste episódio Braskem-Maceió”, denunciou.

De acordo com o relator da CPI, Paulo Roberto Cabral de Melo é apontado pela Polícia Federal (PF) como suspeito por sua atuação na qualidade de responsável técnico, tendo sido alvo de mandados de busca e apreensão.

Redação com Gazeta Web

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