Em um contundente editorial publicado nesta quarta-feira, O Estado de S. Paulo manifestou repúdio à conspiração para um golpe de Estado revelada pela Operação Contragolpe da Polícia Federal (PF). A operação expôs detalhes de um plano orquestrado por militares e figuras do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O editorial expressa indignação com a audácia dos envolvidos, que incluíam o general da reserva Mário Fernandes, ex-comandante de Operações Especiais do Exército e assessor de Eduardo Pazuello (PL-RJ), além de outros militares treinados em forças especiais e um policial federal. Todos foram presos sob suspeita de planejar ações voltadas à “abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.
“Punhal Verde e Amarelo” e os detalhes macabros do plano
O documento detalha como o plano, chamado de “Punhal Verde e Amarelo”, visava atacar as autoridades de forma minuciosa. Lula, segundo os conspiradores, seria envenenado, considerando sua condição de saúde e visitas frequentes a hospitais. Alckmin também seria alvo de envenenamento. Para Moraes, o método escolhido era ainda mais brutal: a detonação de explosivos em uma cerimônia pública.
Os relatos revelam que, pelo menos uma reunião para discutir a execução do plano, ocorreu na casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro. A PF não tem dúvidas quanto ao envolvimento direto de Braga Netto na articulação do atentado, o que evidencia a profundidade da ameaça antidemocrática.
A ameaça à democracia e a urgência da punição
O editorial do Estadão destaca a gravidade do caso, afirmando que o País esteve à beira de uma convulsão política sem precedentes, evitada, em parte, pelo não apoio do Alto Comando do Exército à tentativa golpista. “Resta claro que o País esteve muito próximo de ser tragado por uma convulsão política e social inaudita em sua história recente”, apontou o texto.
Com o relato minucioso entregue ao gabinete de Alexandre de Moraes, relator do Inquérito 4.874 sobre as “milícias digitais antidemocráticas”, a PF traçou um panorama que deixa evidente a seriedade da ameaça à democracia. O documento de 221 páginas detalha o monitoramento das vítimas e os preparativos para os ataques.
Para o Estadão, a paz só será alcançada quando todos os responsáveis forem julgados e condenados, em consonância com o Estado Democrático de Direito que tentaram destruir. “Se felizmente a intentona não foi adiante, o simples fato de frutificar entre os mais bem treinados militares do Exército esse ímpeto golpista em nada tranquiliza a Nação”, frisou o editorial. A conclusão é clara: enquanto traidores da Constituição e, portanto, da Pátria, não forem rigorosamente punidos, a estabilidade estará em risco.
Redação com Brasil 247
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