Anadia/AL

17 de outubro de 2025

Anadia/AL, 17 de outubro de 2025

Estudante passa mais de 30 anos achando que pai era grego, mas teste de DNA muda tudo

''A estudante passou a infância morando com a mãe e o padrasto em São Sebastião (SP). Por muito tempo, ela tentou enxergar semelhanças entre ela e o homem grego da foto. ''

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 17 de outubro de 2025

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Foto: Arquivo Pessoal

Desde pequena, Rebecca Pimenta Rafael Pacheco ouviu a mesma história sobre seu pai biológico — ele era um grego que trabalhava em um navio petroleiro, em São Sebastião (SP), e foi embora antes de saber da gravidez de sua mãe. Dele, a jovem, só tinha o nome completo e duas fotos. No entanto, a vida da estudante virou de cabeça para baixo ao realizar um teste de DNA — comumente utilizado para investigar ancestralidade e doenças genéticas.

Na verdade, o pai dela não estava do outro lado do oceano, mas sim aqui no Brasil. À CRESCER, Rebecca, que hoje mora em São Paulo, compartilhou como foi a sua jornada para encontrar sua família paterna e os desafios enfrentados no caminho.

A estudante passou a infância morando com a mãe e o padrasto em São Sebastião (SP). Por muito tempo, ela tentou enxergar semelhanças entre ela e o homem grego da foto. Apesar de saber das dificuldades, Rebecca sempre teve o sonho de conhecer o pai. Um dia, ela foi presenteada pelo noivo, Bruno Soalheiro, com uma viagem para a Grécia. “Pensava que talvez seria difícil conhecer meu pai, mas poderia conhecer seu país e suas raízes”, comentou.

Ao pisar em terras gregas em 2022, a jovem não conseguiu segurar a emoção. “Fomos atrás de todos os gregos da cidade para perguntar informações. Meu noivo conseguiu entrar em contato com uma grega que e se dispôs a nos ajudar, parecia que finalmente aquele sonho estava se aproximando”, contou Rebecca. Todavia, não foi dessa maneira que ela chegou até o seu pai biológico.

Ela retornou da Grécia sem muitas pistas e seguiu sua vida. Essa história só voltou à tona novamente em 2023. Rebecca tinha acabado de se mudar para São Paulo e começar a faculdade de nutrição. Durante uma aula de processos biológicos, o professor comentou sobre o teste de DNA do Genera, da Dasa. “Ele entrou no perfil dele e mostrou as doenças que poderia desenvolver e, por curiosidade, mostrou a parte de busca por parentes”, a estudante lembrou.

Nesse momento, Rebecca viu uma luz no final do túnel. Afinal, essa era uma possibilidade de chegar até seu pai biológico. Pouco tempo depois, ela ganhou o teste do noivo. No início, a jovem confessa que ficou um pouco apreensiva de abri-lo e demorou alguns dias para enviá-lo. “O sonho de uma vida inteira estava ali em minha mão, em um pacotinho”, mencionou.

Mesmo receosa, a estudante fez o teste e, depois de 30 dias, recebeu o resultado. A princípio, ela não conseguiu interpretar os dados. No entanto, achou um vídeo de outra mulher chamada Núbia Santos, que havia encontrado o pai pelo teste do Genera. As duas conversaram e, então, Núbia ajudou Rebecca a entender as origens de sua ascendência.

Uma informação que chamou muita atenção de Núbia era que Rebecca não tinha ascendência grega. “Fiquei sem chão. Pensei se minha mãe tinha mentido esse tempo todo. Bateu um desespero! Pela minha cabeça, passaram muitas coisas ruins, até que ela poderia ter sofrido abuso”, relatou.

A estudante sentia que deveria ter uma conversa séria com a mãe, mas esperou ir até São Sebastião para tocar no assunto. Ao contar sobre o resultado do DNA, Rebecca soube que a mãe tinha se relacionado também com um outro homem, mas ela não tinha muitas informações sobre ele, a não ser o seu primeiro nome.

Com essas informações em mãos, Rebecca optou por não contatá-lo até descobrir uma correspondência pelo Genera. Em outubro do ano passado, ela percebeu que tinha uma prima de terceiro grau ligada a esse homem. Foi então que ela pediu à amiga Núbia para conversar com essa família. “Ela mandou uma mensagem e uma foto da minha mãe para ele”, disse.

Ao ver a imagem, José Cláudio Pacheco, do Rio de Janeiro, se lembrou do passado e, na verdade, já tinha quase certeza que Rebecca era a sua filha; aceitou prontamente fazer o teste do DNA. “Eu o vi pela primeira vez, pessoalmente, no dia do exame. Foi uma sensação muito louca! No caminho, minha perna tremia muito, estava muito nervosa, mas quando cheguei lá, ele se apresentou e conduziu da melhor maneira”, ela lembrou.

No dia, Rebecca estava acompanhada do marido e da amiga Núbia, enquanto seu pai estava com a esposa, a filha e a neta. “No almoço, ele já estava fazendo planos para o final do ano, me incluindo, e aquilo me assustou muito porque nem tínhamos o resultado do exame. A família já tinha achado semelhanças que eu ainda não conseguia enxergar, talvez por medo de uma decepção. Afinal, ele e a família me acolheram tão bem, que se desse negativo, a decepção e tristeza seriam maiores”.

Antes mesmo do resultado sair, Rebecca visitou o avô paterno na UTI do hospital. “Foi a única vez que o vi. Ele faleceu pouco tempo depois. Meu pai teve a sensibilidade de fazer com que a gente se conhecesse mesmo sem o resultado, pois sabia que ele já estava debilitado.”

O resultado tão esperado

O dia em que saiu o resultado, Rebecca estava sozinha em casa. “Veio a famosa frase de confirmação da paternidade em 99,99999999%. Na hora, senti minha alma sair do corpo e parecia conseguir me assistir de fora, como se eu estivesse num filme”, a estudante compartilhou.

Logo depois, ela recebeu uma ligação do pai contando sua história. “Ele disse sempre ter sido muito intuitivo e lembrava do dia em que ele ficou com minha mãe, e assim que acabou a noite, uma voz na cabeça dele disse: você engravidou essa mulher”, contou Rebecca. Ele chegou a encontrar a mãe da jovem grávida, mas soube que ela estava em um outro relacionamento.

Depois, quando Rebecca tinha quatro anos, ele voltou a vê-la de longe, mas não chegou a se aproximar. “Ele chorou bastante na ligação, dizendo que já sabia que eu era filha dele”, ela mencionou. Após a descoberta, pai e filha passaram a se falar com frequência e, mesmo morando em cidades diferentes, sempre se esforçam para passar as datas especiais juntos, como Ano Novo, aniversário e Dia dos Pais.

“Como ele me disse: a gente não recupera 30 anos em um mês, mas estamos fazendo o possível para construir uma relação de pai e filha, toda a família me acolheu e me recebeu bem, parece que já nos conhecíamos porque eles me tratam com muita intimidade”, Rebecca destacou. “Hoje ele me liga praticamente um dia sim e um dia não, nos vemos a cada dois meses mais ou menos”. A estudante também ganhou dois irmãos.

Neste ano, a família passou o primeiro Dia dos Pais juntos e a jovem se lembra desse momento com um carinho muito especial. “No domingo, vivi o meu tão sonhado e esperado Dia dos Pais, que antes era um dia triste e silencioso, cheio de declarações nas redes sociais que sempre me magoavam. Começamos a manhã nos exercitando, meu irmão me ensinou a jogar tênis, e meu pai ficou na arquibancada torcendo por mim, e depois ainda fomos brincar de acertar a cesta de basquete. Enquanto ele ria das minhas piadas, me senti completa e feliz, pensando que momentos assim vão se tornar cada vez mais comuns e como a felicidade, no fim das contas, está mesmo nas coisas simples”, refletiu.

Na volta para a casa, ela não pôde deixar de notar a importância desse momento. “Caminhei atrás dele e fiquei o olhando com a sacolinha do presente que dei. Naquele momento, agradeci a Deus por encontrar meu pai vivo e com saúde para criarmos mais memórias juntos”.

Para quem também está em busca dos pais, Rebecca aconselha a não desistir, mesmo com as dificuldades. “Na minha procura, ouvi muita coisa que não precisaria. Nessas horas, precisamos ignorar tudo que não nos acrescenta e focar no objetivo final. Antes era um sonho quase impossível, com o avanço da tecnologia, hoje é muito possível. Você só precisa focar no seu sonho e ir passando por cada obstáculo. Fui abençoada por uma família que me aceitou e me recebeu bem, mas eu estava ciente de que poderia encontrar “qualquer coisa”, concluiu.

Redação com TNH1

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