A empresária Renata Coan Cudh, vítima de estupro cometido pelo lutados de MMA Edilson Florêncio da Conceição , criticou a decisão da Justiça do Ceará de soltá-lo e manifestou indignação.
O que aconteceu
”O que mais faltava? Eu estar morta?”, perguntou. Em entrevista hoje ao programa Encontro, da TV Globo,Renata afirmou que o depoimento dela, a confissão do réu, a prisão em flagrante e as testemunhas oculares do crime não foram suficientes para o sistema judiciário manter o condenado detido.
Empresária afirmou que mulheres não se sentem encorajadas a denunciar por causa dessas decisões. ”O que a Justiça está falando para essas mulheres? Que a palavra delas não basta, que nenhuma confissão basta, que o agressor vai sair pela porta da frente”, declarou em vídeo nas redes sociais.

Renata diz que não se sentirá segura sabendo que agressor está solto. ”Tudo o que eu queria neste momento era ter paz e tranquilidade. Mas como que eu vou ter isso sabendo que o cara está aí nas ruas? Eu não fui a primeira, não serei a última; se não fosse eu naquela noite, seria outra mulher, e talvez essa mulher não estaria aqui contando isso para vocês.”
Por mais que eu tentasse transparecer que estava bem nas minhas redes sociais nesses últimos quatro meses, eu e minha família sofremos em silêncio porque não queríamos exposição. Estávamos sobrevivendo dia após dia a esse pesadelo, mas o pior aconteceu: o Judiciário cearense representado por uma juíza mulher decidiu soltá-lo e deixá-lo responder em liberdade. Renata CoanCudh
Entenda o caso
Quatro dias após ser condenado por estupro, o motorista de aplicativo e lutador de MMA Edilson , 48, foi solto. Ele foi autorizado a ficar em liberdade e recorrer da pena de oito anos de prisão por estupro de vulnerável – já que a vítima estava alcoolizada – e a dois meses de detenção por resistir à prisão. Ele estava preso desde janeiro, quando foi detido em flagrante.
Edilson foi solto por ”bons antecedente”. “Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, em razão de sua primariedade e bons antecedentes”, diz a juíza da 5ª Vara Criminal de Fortaleza, Adriana Aguiar Magalhães, em decisão. Ela é a mesma magistrada que o condenou no dia 5 de junho.
Lutador fazia bico de motorista no dia 19 de janeiro e teria estuprado Renata, que era sua passageira. O homem aceitou a corrida da mulher na saída de uma festa, mas desviou o caminho e aplicou um golpe nela conhecido como ”mata-leão” – quando a vítima tem o pescoço apertado, provocando falta de ar e desmaio. Ela contou que, quando retornou à consciência, estava sendo estuprada, e o acusado dizia que iria matá-la.
Fui sequestrada, violentada, estrangulada até quase a morte no matagal. Eu não tive chance nenhuma de defesa. Me lembro de cada segundo do ar faltando. Foi Deus que enviou três policiais que já estavam indo embora no final do turno e que me salvaram e prenderam um homem flagrante. Renata CoanCudh
O Ministério Público do Ceará afirmou ao UOL hoje que irá pedir a prisão preventiva de Edilson. Como o processo corre em segredo de justiça, a reportagem não conseguiu o nome do advogado que defende o acusado. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.
Como denunciar violência sexual
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.
Redação com Uol
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