Anadia/AL

30 de abril de 2025

Anadia/AL, 30 de abril de 2025

Fóssil de formiga mais antiga do mundo é encontrado

''Inseto viveu há 113 milhões e foi encontrado na Formação Crato. Região é considerada uma das mais relevantes do mundo para a preservação de fósseis.'' / 11:33 hs

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 30 de abril de 2025

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(imagem: A. Lepeco et al.)

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Um fóssil encontrado na Chapada do Araripe, na região do Cariri cearense, guarda os restos da formiga mais antiga do mundo. Descrita em estudo recente, a nova espécie de formiga-do-inferno, como é chamada, tem idade estimada de 113 milhões de anos, sendo o registro mais antigo de formigas na ciência atual.

A espécie se chama Vulcanidris cratensis e foi preservada em rocha encontrada na Formação Crato. A unidade geológica fica na Bacia do Araripe e está situada perto dos municípios de Nova Olinda, Santana do Cariri e Crato, no sul do Ceará.

O fóssil com a formiga-do-inferno integra o acervo do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) há cerca de cinco anos. O estudo que dá detalhes sobre a espécie foi publicado na revista Current Biology, no dia 24 de abril. O entomologista Anderson Lepeco, vinculado ao museu, é um dos autores do artigo.

Por que ela é a mais antiga?

As formigas modernas são descritas no estudo como um dos grupos de insetos mais abundantes no planeta, sendo encontradas em todos os continentes, com exceção da Antártica. A descoberta permite conhecer mais sobre os ancestrais destas espécies.

A Vulcanidris cratensis foi um membro já extinto da subfamília Haidomyrmecinae. Conhecidas como formigas-do-inferno, estas formigas viveram exclusivamente no período do Cretáceo, que compreende os acontecimentos no planeta entre 65 a 145 milhões de anos.

A nova espécie descrita é cerca de 13 milhões de anos mais velha que as formigas mais antigas conhecidas anteriormente, que haviam sido encontradas em fósseis preservados em âmbar, na França e no Mianmar.

A pesquisa conseguiu encontrar semelhanças da nova espécie com as formigas-do-inferno descobertas no Mianmar. Esse achado no Brasil mostra que as formigas eram amplamente distribuídas há centenas de milhões de anos, aponta o estudo.

A Formação Crato, onde a espécie foi encontrada, é conhecida por preservar fósseis datados no Cretáceo Inferior. Neste período geológico, os continentes começaram a se separar, desfazendo lentamente o grande bloco único de terra chamado Pangeia.

Quais são as características?

Os pesquisadores conseguiram identificar que o fóssil preservado no Crato era de uma fêmea. O exemplar tinha cerca de 1,35 centímetros.

Ela apresenta uma característica importante das formigas-do-inferno: as mandíbulas em forma de foice. É provável que essas mandíbulas, em formato considerado bizarro, fossem usadas para atacar as presas.

O fóssil foi analisado por meio de tomografia computadorizada, uma técnica que permite observar o interior dos objetos.

Com uma anatomia especializada, a formiga mais velha do mundo abre perguntas científicas sobre a velocidade da adaptação destes insetos no passado e as condições que teriam pressionado a espécie a passar por evoluções.

De onde vem o nome?

O nome escolhido para a formiga traz duas referências ao Brasil. Uma delas é o gênero: Vulcanidris faz homenagem à família de Maria Aparecida Vulcano, que doou uma coleção privada com fósseis para o Museu de Zoologia da USP.

O epíteto da espécie, cratensis, faz referência à Formação Crato, onde o fóssil foi encontrado.

A abundância de organismos bem preservados nas rochas da Bacia do Araripe chama atenção de pesquisadores. Na década de 1990, um dos dinossauros brasileiros mais famosos a nível mundial foi encontrado em escavações na região: o Santanaraptor placidus.

A região já permitiu encontrar mais de 600 espécies de insetos. Fósseis dos grupos de plantas com flores, que hoje dominam o ambiente terrestre, também são achados no Cariri com estruturas completas de raiz, caule e frutos.

A qualidade dessa preservação impressiona os pesquisadores. Na Formação Crato, por exemplo, havia um lago onde os organismos caíam e depois eram soterrados. Com isso, muitos deles não foram expostos à decomposição feita por bactérias e fungos.

Atualmente, a região conta com 11 geossítios que compõem o Geopark Araripe. A chancela de geoparque é concedida pela Unesco às áreas que apresentam pelo menos um geossítio de valor internacional para a ciência, a educação e o turismo.

Redação com Gazeta web  

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