Anadia/AL

28 de outubro de 2024

Anadia/AL, 28 de outubro de 2024

Fundador do Telegram é suspeito de 12 crimes; Macron diz que prisão ‘não é política’

O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu nesta segunda-feira (26) que a prisão na França do fundador do serviço de mensagem instantânea Telegram, Pavel Durov, "não é uma decisão política". A procuradora de Paris Laure Beccuau informou, em coletiva de imprensa, que o bilionário franco-russo de 39 anos é investigado por 12 infrações, que abrangem crimes e delitos.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 26 de agosto de 2024

CEO do Telegram, Pavel Durov — Foto: AFP

“A prisão do presidente do Telegram em território francês ocorreu no marco de uma investigação judicial em curso. Não é uma decisão política. Cabe aos juízes determiná-la”, escreveu Macron na rede social X.

Acompanhado de seu guarda-costas e de seu assessor, Durov foi preso na noite de sábado no aeroporto Le Bourget, ao norte de Paris. No domingo, o juiz encarregado do caso prorrogou a prisão preventiva por até 96 horas, ou seja, até quarta-feira (28).

Segundo a procuradora de Paris, o prazo foi prolongado “tendo em conta o procedimento aplicável aos crimes abrangidos pelo regime do crime organizado”. Ela afirmou que Durov está sendo interrogado, entre outras razões, pela “recusa de comunicar as informações necessárias para diligências autorizadas por lei e formação de quadrilha”.

A investigação judicial, aberta em 8 de julho após uma investigação preliminar da Jurisdição Nacional de Combate ao Crime Organizado (Junalco), diz respeito a um total de 12 infrações, detalhadas em um comunicado divulgado à imprensa pela procuradora.

Assim, Durov é investigado por cumplicidade na administração de uma plataforma online que permite transação ilícita em grupo organizado; posse e divulgação de imagem pornográfica de menor; desrespeito à legislação de entorpecentes; fraude em quadrilha; acobertamento de crimes ou delitos realizados em bando e prestação de serviços de criptografia destinados a garantir funções de confidencialidade sem a devida declaração, entre outras questões.

Os juízes de instrução responsáveis ​​pelo caso confiaram as investigações ao Centro de Combate ao Crime Digital (C3N) e ao Escritório Nacional Antifraude (Onaf), destacou a procuradora Laure Beccuau.

Macron criticou as “informações falsas sobre a prisão de Pavel Durov na França” e garantiu que seu país “observa a liberdade de expressão e de comunicação”.

‘Sentimento de impunidade’

Durov pousou em Paris, no sábado, proveniente de Baku, capital do Azerbaijão. Ele passaria pelo menos uma noite na capital francesa, onde tinha planejado jantar, disse uma fonte próxima da investigação.

O bilionário adquiriu a nacionalidade francesa em 2021, após um procedimento administrativo acelerado e com forte conotação política da parte de Paris, em meio ao contexto de tensão crescente entre o Ocidente e a Rússia.

Quando a detenção foi confirmada, um dos investigadores do caso disse: “Chega de impunidade no Telegram”, surpreso pelo fato de Durov ter decidido vir à capital francesa. Uma fonte próxima do caso afirmou que ele pode ter sido tomado por um “por sentimento de impunidade”, uma vez que sabia que era procurado na França.

Sigilo acima de tudo

O aplicativo de troca de mensagens online foi lançado em 2013 por Pavel Durov e seu irmão Nikolai, com o diferencial de que as comunicações podiam ser criptografadas de ponta a ponta e tendo sede em Dubai. O Telegram se posicionou contra a tendência das plataformas americanas, criticadas pela exploração comercial de dados pessoais dos usuários.

A plataforma se comprometeu a nunca revelar informações sobre seus usuários.

Discreto, Pavel Durov disse em abril, em uma rara entrevista, que teve a ideia de lançar mensagens criptografadas após ter sido pressionado pelas autoridades russas quando fundou a VK, rede social concorrente do Facebook que criou em seu país de origem e que era usada pela oposição do país. Acuado pelo regime russo, ele vendeu a plataforma e deixou a Rússia em 2014.

Durov contou que tentou se estabelecer em Berlim, Londres, Cingapura e São Francisco antes de optar por Dubai, cujo ambiente de negócios e “neutralidade” elogiou. “Acho que estamos fazendo um bom trabalho com o Telegram, com 900 milhões de usuários mensais que provavelmente ultrapassarão 1 bilhão de usuários ativos dentro de um ano”, afirmou o empresário.

No emirado do Golfo, o Telegram protegeu-se das regras de moderação do Estado, em um momento em que a União Europeia e os Estados Unidos pressionam as grandes plataformas a eliminarem conteúdos ilegais.

Com grupos de discussão que podem acomodar até 200 mil pessoas, as mensagens são por vezes acusadas de aumentar o potencial viral de informações falsas e de proliferação de conteúdos de ódio, neonazistas, pedófilos, conspiratórios ou terroristas.

Ao tomar conhecimento da detenção, a embaixada da Rússia em Paris se prontificou a oferecer assistência consular ao bilionário e acusou as autoridades francesas de “recusarem-se a cooperar” com Moscou sobre o caso.

Fonte: RFI

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