Por Augusto de Souza
As investigações da Polícia Federal, que culminou na prisão de militares dos “kids pretos” nesta terça-feira (19), revelaram que o general Mário Fernandes, detido por suspeita de envolvimento em planos golpistas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em 8 de dezembro de 2022, e comemorado o resultado da conversa em áudio enviado para aliados após a reunião.
O encontro ocorreu quase um mês após Fernandes imprimir, no Palácio do Planalto, o planejamento operacional que incluía a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes e o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. A investigação também aponta que o ex-presidente teria participado da redação da minuta golpista.
Segundo a PF, o plano golpista foi impresso duas vezes: a primeira em novembro e a segunda em 6 de dezembro. Dois dias depois, Fernandes esteve no Palácio da Alvorada entre 17h e 17h40, conforme registros de controle de acesso. Em 9 de dezembro, ele enviou um áudio ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, comemorando que o ex-presidente havia aceitado o “nosso assessoramento”.
No áudio, Fernandes celebra a postura de Bolsonaro em se dirigir a apoiadores no Alvorada e agradeceu ao então ajudante de Ordens da Presidência: “Força, Cid. Meu amigo, muito bacana o presidente ter ido lá à frente ali do Alvorada e ter se pronunciado, cara. Que bacana que ele aceitou aí o nosso assessoramento. Porra, deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a morte. Foi muito bacana mesmo, cara. Todo mundo vibrando. Transmite isso pra ele”.
Além de exaltar Bolsonaro, Fernandes demonstrou preocupação com a proximidade da posse dos novos comandantes das Forças Armadas, marcada para 20 de dezembro. Segundo ele, a mudança na cúpula militar poderia frustrar os planos golpistas, indicando a urgência de uma ofensiva para interromper a transição.
A PF apontou o general como um dos principais elos entre o governo Bolsonaro e os manifestantes golpistas que se concentravam em frente aos quartéis. “Além de receber informações, também servia como provedor material, financeiro e orientador dos manifestantes antidemocráticos instalados nas adjacências do QG do Exército em Brasília”, afirma a investigação.
Os acampamentos em frente aos quartéis, organizados com apoio do general, também foram destacados pela PF como cruciais para a tentativa de golpe de Estado culminada nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Fernandes, identificado como “ponto focal” do governo com os golpistas, teria articulado o fornecimento de recursos e coordenado estratégias de mobilização.
Redação com DCM
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