Por Ivan Longo
O governo Lula reagiu de forma dura às mais recentes ameaças dos Estados Unidos contra o judiciário brasileiro. Na manhã desta sexta-feira (8), o Ministério das Relações Exteriores convocou o chefe interino da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, para prestar explicações sobre as declarações hostis de Washington, amplificadas pela própria representação diplomática no país.
Escobar foi recebido às 9h pelo embaixador Flavio Goldman, que comanda interinamente a Secretaria de Europa e América do Norte do Itamaraty. Segundo relatos, Goldman expressou “profunda indignação” com o tom e o conteúdo das postagens feitas pelo Departamento de Estado e pela embaixada estadunidense, classificadas como “clara ingerência” em assuntos internos e “ameaças inaceitáveis” a autoridades brasileiras.
Entenda
O governo dos Estados Unidos voltou a fazer ameaças graves e explícitas ao judiciário brasileiro. Na noite desta quarta-feira (6), Darren Beattie, assessor do presidente Donald Trump e subsecretário de Estado para a Diplomacia Pública, órgão do Departamento de Estado dos EUA, atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tentou intimidar aliados do magistrado “no Judiciário e em outras esferas”.
“O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, escreveu Beattie em seu perfil na rede X (antigo Twitter).
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que desde março vive nos EUA para conspirar contra o Brasil e que é um dos pivôs do tarifaço de Trump aos produtos brasileiros e às retaliações a Moraes, agradeceu o fato de Beattie ter mencionado que até mesmo pessoas de fora do judiciário que apoiarem o ministro serão alvo de sanções de seu país.
“Aliados de Moraes em qualquer lugar”, escreveu o brasileiro extremista, junto a um emoji representando aplausos.
O perfil da Embaixada dos EUA no Brasil, por sua vez, compartilhou a ameaça do assessor de Trump com uma tradução para o português.
Sequência de ameaças
A publicação do assessor de Trump, compartilhada pela Embaixada dos EUA no Brasil, veio como endosso a uma postagem feita na última segunda-feira (4) pelo Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA em reação à decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro por parte de Moraes.
“O ministro Alexandre de Moraes, já sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua usando as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”, diz o início da nota.
Na sequência, vem a ameaça:
“Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”.
Escalada da crise
A ofensiva estadunidense não começou agora. No último dia 30, Trump incluiu Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, medida justificada com acusações de “perseguição” e “graves violações de direitos humanos” contra Bolsonaro e seus apoiadores. Ao mesmo tempo, anunciou uma sobretaxa sobre produtos brasileiros, elevando para 50% o total de tarifas aplicadas a importações do país.
Para o Itamaraty, a postura do governo norte-americano ultrapassa os limites diplomáticos e fere frontalmente a soberania nacional. O gesto de convocar Escobar, embora não seja inédito, sinaliza que o Planalto decidiu endurecer a resposta às investidas dos EUA contra as instituições brasileiras.
Fonte: Revista Fórum
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