Integrantes do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) fizeram um ato em Governador Valadares (MG) para marcar o início do julgamento da tragédia de Mariana em Londres. Cerca de 50 pessoas se reuniram próximo à prefeitura da cidade, no final da tarde desta segunda-feira (21). O julgamento deve acabar em março de 2025. Os pedidos de indenização, movidos a partir do Tribunal de Tecnologia e Construção da capital inglesa somam US$ 46,8 bilhões e são movidos por 620 mil vítimas da tragédia. Também existem 46 municípios como requerentes da ação. Quando houve o rompimento, a BHP Billiton ficava no país europeu. Atualmente, a instituição tem sede apenas na Austrália.
Um dos integrantes do MAB falou sobre os danos à população causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, ocorrido em 2015, quando 19 pessoas morreram após o rompimento do empreendimento de propriedade da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton. Foram despejados cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. A lama percorreu 10 quilômetros (km) até Bento Rodrigues, localidade de do município de Mariana mais atingida. A cidade fica na região de Minas.
Em Governador Valadares, os participantes do ato fizeram manifestações culturais, o grupo buscou chamar atenção da sociedade brasileira para a importância da responsabilização das mineradoras nos tribunais estrangeiros.
“As pessoas estão morrendo com esse crime até hoje. Até hoje ainda não houve reparação. A água está contaminada. A gente vai fazer a nossa voz chegar em vocês”, disse. Para Pedro Gonzaga, que integra a coordenação estadual do MAB, o julgamento na corte britânica é de extrema importância para que os verdadeiros responsáveis pelo crime sejam punidos.
Ele ainda destacou a necessidade de esclarecer todas as informações em relação ao acordo de Repactuação que acontece no Brasil. “A participação é ter acesso às informações, aquele apoio técnico independente para estudar coletivamente, avaliar e aprofundar as propostas. As empresas estão felizes com a proposta, pois o valor é muito rebaixado. Enquanto elas transferem a responsabilidade para o Estado Brasileiro, enfraquece a ação dos atingidos na corte de Londres”, disse Pedro.
A mobilização em Governador Valadares começou às 16h30 e foi encerrada por volta das 18h. Até o fim desta semana, o MAB ainda irá realizar outras mobilizações para chamar atenção da população para o julgamento do crime em Mariana. Já as projeções que estavam programadas para acontecer na noite desta segunda-feira em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, foram adiadas. Ainda não há data definida para a ação.
Redação com Brasil 247