Por Luiz Carlos Azenha
A escalada de tensões entre a Índia e o Paquistão por causa do ataque terrorista contra turistas na Caxemira atingiu ponto de efervescência depois que integrantes do governo em Nova Delhi ameaçaram cortar o fluxo de água dos rios que correm na Índia antes de banhar o vizinho.
A ameaça, se levada adiante, seria um “ato de guerra”, respondeu o Paquistão.
Os dois poderes atômicos já travaram dois conflitos por causa da Caxemira, que ambos consideram parte integral de seus territórios.
A Índia controla 55% da Caxemira. O Paquistão, 30%. Os outros 15% são controlados pela China, que também reivindica a região.
Analistas internacionais consideram questão de tempo até o governo de Narendra Modi retaliar militarmente contra o Paquistão por causa do ataque do último dia 22, em que 26 turistas indianos foram mortos na região montanhosa de Pahalgam, considerada a Suiça da Ásia.
A Índia acusa o Paquistão pelo ataque, até agora sem provas consistentes de envolvimento oficial de Islamabad. Nova Delhi, porém, afirma que o vizinho muçulmano pouco faz para impedir as incursões em território da Caxemira sob controle da Índia.
Acordo suspenso
Logo depois do ataque, a Índia suspendeu o chamado acordo das águas do rio Indo, assinado em 1960, que garante 80% do abastecimento aos agricultores paquistaneses.
O rio nasce no Tibet e percorre território da Índia antes de cortar o Paquistão, onde recebe água de vários tributários que também tem origem na Índia.
Qualquer medida prática da Índia para cortar o abastecimento do vizinho poderia levar anos para ser implementada, uma vez que exigiria obras impedidas pelo acordo.
Ainda assim, o ministro de recursos hídricos da Índia, Chandrakant Raghunath Paatil, ameaçou:
Garantiremos que nenhuma gota de água do Indo chegará ao Paquistão.
A reação de agricultores paquistaneses foi de pânico, segundo a agência Reuters.
Fontes citadas pela agência disseram que a Índia pode começar imediatamente a cavar canais para reduzir o fluxo de água.
Oficialmente, Nova Delhi suspendeu o envio de qualquer informação hidrológica ao vizinho, o que dificulta o planejamento agrícola.
Possível ataque aéreo
Sob pressão interna para agir, o primeiro-ministro Narendra Modi pode autorizar ataques aéreos limitados ou incursões de forças especiais da Índia em território paquistanês.
O Paquistão nega relação com o ataque terrorista, mas promete retaliar.
O país originou-se da independência da Índia britânica e recebeu um dos maiores fluxos migratórios da História ao surgir, em 1947, como destino dos muçulmanos da região.
Porém, 200 milhões de muçulmanos seguem vivendo na Índia e são frequentes alvos do nacionalismo religioso hindu — que levou o direitista Narendra Modi ao poder em 2014.
O temor é que, diferentemente dos conflitos de 2016 e 2019, desta vez um duro ataque da Índia ao vizinho resulte em uma guerra de maior escala entre duas potências atômicas.
Redação com Revista Fórum
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