Com as denúncias feitas por Felca em seu vídeo intitulado “Adultização”, no qual mostra os caminhos percorridos por pedófilos nas redes sociais, com foco, principalmente, em Hytalo Santos, “pai” adotivo de crianças e adolescentes que fazem parte de uma turma com seu nome e seriam exploradas por ele, mais histórias sobre o dia a dia na mansão do influenciador estão sendo desenterradas.
Hytalo está sendo processado por pelo menos 13 seguranças que fizeram parte de sua escolta, principalmente entre 2023, ano em que ficou famoso no país por distribuir iPhones 15 a convidados de seu casamento, e 2025. As reclamações são comuns a quase todos: dívidas trabalhistas, danos morais, comprovação do vínculo empregatício, jornada excessiva, entre outras.
Além de uma investigação do Ministério Público da Paraíba, instaurada em dezembro de 2024 para apurar as denúncias de corrupção de menores e exploração infantil, o Ministério Público Trabalhista da 13² região, no mesmo estado, também passou a apurar as relações de trabalho de Hytalo Santos e seu marido, Israel Natan Vicente, o Euro.
Dois dos processos a que o EXTRA teve acesso mostram que o trato de Hytalo Santos com seus ex-colaboradores era, no mínimo, abusivo. Larissa Araújo e Williana Lucena, que atuaram como assessoras pessoais do dançarino, continuam com suas ações paradas na Justiça da Paraíba e impedidas de tocar no nome de Hytalo sob pena de multa. Ambas tiveram que assinar um termo de confidencialidade.
Na ação de Williana, que começou a trabalhar com Hytalo em abril de 2023 como assistente pessoal do influenciador, ela conta que seu trabalho não tinha uma rotina pré-estabelecida. O combinado era receber o salário de R$ 3 mil por mês para ser uma espécie de babá do patrão. Nenhum documento foi assinado. Nem contrato de prestação de serviços ou carteira, ela não possui qualquer tipo de recibo com a descrição dos pagamentos que recebeu e não possui CNPJ, descaracterizando pessoa jurídica.
O dia a dia na mansão de Hytalo começava para ela entre às 8h e 9h, mas podia se estender até a madrugada. Em depoimento, Williana diz que muitas vezes não podia dormir e não cumpria interjornada prevista nas leis trabalhistas.
Williana dirigia um dos automóveis de Hytalo para levar e buscar “seus filhos” na escola, levar a médico e fazer compras para o chefe. A maior parte delas, segundo o processo, com o cartão de crédito dela própria. Ou melhor, de sua mãe, já que o nome da ex-assistente está negativado. O patrão prometia fazer um pix quando a conta chegasse. Ela chegava, ele atrasava, os juros subiam, e quando percebeu havia uma dívida de R$ 15 mil que não pertencia a ela.
O salário também não era pago em dia, atrasando e sendo quitado por terceiros que enviavam PIX para a conta de Williana, que só recebeu duas vezes da conta do próprio Hytalo. Fora o descumprimento de regras e datas, há relatos de que o influenciador era abusivo e tóxico em seu trato com funcionários. Quando demitiu Williana, que se recusou a dirigir com crianças entre João Pessoa e Cajazeiras, onde fariam uma gravação, por ter dormido apenas duas horas naquele dia, Hytalo a “demitiu” e mandou que deixasse o carro onde estava pois sugeria que ela pudesse roubá-lo.
Assessora era chamada de ‘Isaura’ como a escrava
Com Larissa nada foi diferente. Ela trabalhou com Hytalo entre os meses de abril de 2023 e agosto do ano passado. Pela função de organizar a agenda pessoal do paraibano, além de lidar com a mídia e fornecedores e possíveis contratantes e marcas, ela recebia R$ 8 mil líquidos por mês.
Enquanto estava trabalhando para o antigo patrão, a assessora narra que as 44 horas semanais pré-combinadas, nunca foram respeitadas.
“No presente caso, restou amplamente demonstrado que a Reclamante era submetida a uma jornada diária de trabalho de, em média, 14 horas, excedendo em 6 horas o limite legalmente permitido, em flagrante violação ao art. 59 da CLT”, diz os autos.
A funcionária requer também uma indenização por danos materiais. Ela chegou a ser obrigada pelos chefes, segundo a ação, a alugar um carro para trabalhar. Só que o veículo passou a ser usado por Hytalo e Euro, que tiveram várias infrações de trânsito, todas imputadas à assessora. Ela também afirma que foram feitos gastos em seu cartão de crédito, criando uma dívida bola de neve pelos antigos patrões.
Um pedido de pagamento por danos morais também foi feita. No dia de sua demissão, a assessora conta que foi coagida a assinar um acordo para receber R$ 35 mil e não entrar contra Hytalo e Euro na Justiça do Trabalho. Como tinha uma dívida de R$ 22 mil crescendo no cartão, decidiu aceitar. Neste mesmo dia, sua defesa diz que seu celular foi “confiscado” por um dos “filhos” adotivos do casal. O aparelho teria permanecido com ele por três horas e teve todas as mensagens trocadas com Hytalo, marido e afins, deletadas.
A acusação mais grave, porém, recai sobre a forma que se referiam a ela na casa do influenciador:
Procuradas pelo EXTRA, Larissa e Williana explicaram que não podem falar nada sobre suas ações e relação com o ex-patrão. Elas, no entanto, sem citar nomes, acabaram relatando fatos que aconteceram na casa do influenciador e o que presenciaram, além de detalharem os abusos sofridos por ambas.
Wiilliana, no entanto, foi a público esclarecer que não é mãe de nenhuma criança como sugere o vídeo feito por Felca, o que gerou um boletim de ocorrência contra o youtuber. Numa das cenas ela aparece como se fosse uma dessas mães ao dirigir um carro branco. Ela está pedindo a retratação do influenciador e que sua imagem seja retirada do vídeo.
A questão, claro, foi parar nas redes sociais, e Williana passou a ser ameaçada por seguidores de Felca e acusada por internautas de participar da rede de pedófilos, sendo até mesmo ameaçada.
“Eu nunca seria conivente com nada disso. Jamais. Já senti na pele o que é ser abusada e não compactuaria com uma coisa dessas. Estão me chamando de pedófila, me ameaçaram, riscaram o caro do meu marido, não posso nem ir à rua levar meu cachorro. Não sou contra o Felca. Pelo contrário, todo meu apoio a ele. Só peço que as pessoas entendam que eu não posso falar sobre nada do que vivi lá dentro porque fui obrigada a assinar um termo de sigilo. Meu maior arrependimento, inclusive. Mas aceitei um acordo porque já estava sem comida em casa”, disse Williana.
Fonte: TNH1
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