Depois de seis anos longe da TV aberta, Isabelle Drummond retorna às novelas confiando cada vez mais nas próprias escolhas. Aos 31 anos e com 25 de carreira, ela assume a vilã Naiane em ‘Coração Acelerado’, próxima trama das 19h da Globo, que estreia em 12 de janeiro, e transforma o reencontro com o horário em um gesto de maturidade, intensidade e propósito. “Hoje, sucesso é estar alinhada com o que acredito e com as histórias que escolho contar”, diz, em entrevista exclusiva ao site. A atriz conta que voltar para uma novela nunca foi um simples retorno. É quase um recomeço, consciente e atravessado por tudo o que viveu longe dos holofotes da TV. “Quando retornei ao ritmo de novela, que é realmente uma maratona artística, o que mais me impactou foi perceber como tudo está ainda mais acelerado”, analisa, acrescentando: “Muita gente acha que eu tinha me afastado, mas nunca saí dos sets. Estava mergulhada em projetos autorais, explorando o audiovisual, o cinema, outros lugares que ainda quero expandir”.
Esse novo encontro acontece em ‘Coração Acelerado’, novela musical que mergulha no universo sertanejo e apresenta Naiane, uma vilã que performa para o mundo, nas redes, nos palcos, nos shows, e que exige da atriz um corpo em constante movimento. “Tenho feito muita preparação: fono, sotaque e, principalmente, dança. Ela se expressa pela dança na internet e nos shows. Participei até de um show da Maiara & Maraisa e gravo clipes dançando como parte do universo da personagem. É cansativo, claro, mas muito empolgante”. Intensa, vaidosa e movida pela ambição, Naiane nasce, segundo Isabelle, do desejo radical de ser insubstituível: “É movida pela inveja e no seu olhar, tudo precisa ser dela. Qualquer perda é inaceitável. Já fiz antagonistas antes, mas essa tem algo singular: se move por um desejo profundo de ser vista, reconhecida, validada”. Fora da ficção, Isabelle segue em outro ritmo, mais discreto e mais atento à vida real do que às vitrines digitais:
A exposição se torna tóxica quando começa a distorcer a percepção que você tem de si mesma. Quando o olhar do outro passa a definir seus movimentos, sua autoestima. Valorizo muito minha intimidade. É aí que encontro equilíbrio – Isabelle Drummond
Com uma carreira iniciada ainda na infância, Isabelle olha para trás sem romantizar o caminho. E essa sensação de alinhamento também passa pela consciência do preço, e do privilégio, de ter crescido diante das câmeras. “Carregar 25 anos de carreira é muito emocionante, porque comecei muito cedo e a arte atravessa toda a minha vida, mas também é um caminho que me ensinou muito sobre saber quem eu sou fora dos personagens e entender que a exposição traz um peso. Ao mesmo tempo, essa trajetória me deu uma visão de mundo muito ampla, uma consciência emocional que só a vivência da carreira me proporcionou. Também me cobrou momentos de pausa, de recolhimento, de voltar para dentro para entender minhas escolhas e reconstruir minha identidade como mulher e artista. Sinto que ganhei o propósito e a tranquilidade de saber que sucesso, para mim, é estar alinhada com o que acredito e com as histórias que escolho contar”.
Isabelle Drummond é a vilã Naiane na próxima trama das sete ‘Coração Acelerado’ (Foto: Divulgação/Globo)
A maturidade também ajuda a explicar por que sua trajetória não se interrompeu, como acontece com tantos talentos infantis. Ela observa que a permanência nunca foi automática. “Acredito que segui porque sempre tive uma rede de apoio muito sólida, familiar e profissional, e porque nunca perdi o amor pelo que faço”, reflete a atriz, que estreou na TV como a icônica boneca Emília em ‘O Sítio do Picapau Amarelo’, em 2001.
“A carreira artística é cheia de curvas, é fácil se perder nelas. Sempre procurei dar passos conscientes e entender que cada fase tem seu tempo, acho que o autoconhecimento é muito importante nesse ponto, se conhecer além da identidade profissional. Permanecer, foi uma combinação de sorte pela minha base emocional, muita determinação e amor pelo ofício”.
“Carregar 25 anos de carreira é emocionante: comecei cedo, mas também me ensinou responsabilidade, autoconhecimento e o peso da exposição” (Foto: Reprodução/Instagram)
Universo sertanejo
O mergulho em ‘Coração Acelerado’ também ampliou sua percepção do país. Ambientada no universo sertanejo, a novela a levou para além dos estúdios. “Mergulhar neste universo foi como abrir uma janela para um Brasil que às vezes a gente não olha com a atenção que merece. O sotaque, festas, coreografias, as tradições… tudo tem uma força cultural enorme. É um universo que pulsa alegria, pertencimento, e do lado feminino, muito empoderamento. Esse processo vem me ensinando sobre a pluralidade do país, reforçando também o quanto somos feitos de contrastes que se complementam”. E conclui:
Saio dessa experiência com uma visão ainda mais amorosa do Brasil, e um repertório enorme de trends do Tik Tok (risos) – Isabelle Drummond
Isabelle Drummond, Felipe Bragança e Isadora Cruz, trio de ‘Coração Acelerado’ (Foto: Divulgação/Globo)
Mesmo de volta à TV, Isabelle não abre mão do que construiu nos bastidores nos últimos anos. Desenvolver projetos autorais continuam no horizonte: recentemente ela produziu e dirigiu o curta-metragem ‘Blossom’ e segue desenvolvendo novos projetos como diretora e produtora “Esse período me abriu caminhos que não quero abandonar”, afirma. “Voltar meu olhar para trás das câmeras me deu uma compreensão mais ampla do que é contar uma história. Não vejo isso como uma mudança de direção, mas como um complemento”.
Entre a vilã que performa para o mundo e a atriz que protege sua intimidade, ela parece confortável com as próprias escolhas. “Sucesso é estar em paz com quem eu sou e com os trabalhos que escolho fazer. Nunca saí dos sets. Nos últimos anos longe das novelas, mergulhei em projetos meus e explorei bastante o audiovisual, o que me desafiou inclusive no cinema e em outras áreas que ainda quero explorar”.
“Esse período longe das novelas me abriu caminhos que eu não quero abandonar” (Foto: Divulgação/Globo)
C/ Heloisa Tolipan
