
A Coreia do Norte declarou nesta sexta-feira (7) que os Estados Unidos e a Coreia do Sul “pagarão um preço caro” pelo exercício militar conjunto que deve começar na próxima segunda-feira (10) e se estender até o dia 20 de março.
Segundo a KCNA (gência Central de Notícias da Coreia), estatal do regime de Kim Jong-un, os exercícios trarão “uma tempestade” que agravará a situação de segurança na Península Coreana.
O alerta norte-coreano veio um dia após o anúncio oficial do exercício anual pelos militares aliados, que incluirá simulações por computador e treinamento em campo.
A KCNA classificou o Freedom Shield como uma violação dos “direitos e interesses soberanos” da Coreia do Norte, acusando Seul e Washington de intensificar um “frenesi de guerra” ao aumentar o número de exercícios de campo em larga escala de 10 para 16 neste ano.
“Os inimigos pagarão um preço terrível por seus exercícios de guerra tolos e imprudentes”, afirmou a estatal no comunicado, que não foi assinado por nenhum representante do governo de Kim.
O porta-voz das Forças dos EUA na Coreia do Sul, Ryan Donald, disse que o exercício foi desenhado para refletir “ameaças realistas”, incorporando lições de conflitos recentes e os avanços militares da Coreia do Norte, segundo o jornal Korea Herald.
Donald ainda destacou a crescente parceria entre Pyongyang e a Rússia como um dos focos do treinamento. Desde outubro, o regime de Kim tem enviado soldados para apoiar as tropas de Vladimir Putin na guerra contra a Ucrânia.
Há décadas, a Coreia do Norte condena os exercícios conjuntos dos aliados como ensaios para uma invasão, enquanto EUA e Coreia do Sul reiteram que as manobras têm caráter estritamente defensivo.
O Ministério da Unificação da Coreia do Sul rejeitou as acusações do vizinho do Norte. “Sempre que há um exercício conjunto, a Coreia do Norte transfere a culpa pelas tensões e repete alegações irracionais”, declarou o porta-voz Koo Byoung-sam em coletiva nesta sexta-feira, segundo o jornal sul-coreano Yonahp.
Koo reforçou que o exercício militar com os EUA é um treinamento defensivo, voltado para “proteger a liberdade”, como sugere o próprio nome da atividade.
Tensões recentes e incidentes
A ameaça ocorre em um contexto de escalada retórica. Na semana passada, Kim Yo-jong, influente irmã de Kim Jong-un, já havia alertado sobre uma resposta intensificada à chegada do porta-aviões nuclear USS Carl Vinson a Busan, no sudeste da Coreia do Sul. Ela prometeu fortalecer a “dissuasão estratégica” do país caso os EUA persistam em demonstrações militares.
Outro incidente foi um exercício de tiro real na quinta-feira (6), perto da Zona Desmilitarizada (ZD), envolvendo forças sul-coreanas e americanas. Durante a manobra, dois caças KF-16 da Coreia do Sul bombardearam acidentalmente uma área residencial em Pocheon.
Ao menos 29 pessoas ficaram feridas, das quais 14 eram soldados e 15 eram civis. O Ministério da Defesa sul-coreano suspendeu temporariamente os treinos de tiro real para investigar o caso, mas garantiu que o Freedom Shield seguirá conforme planejado.
R7
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