Anadia/AL

13 de fevereiro de 2025

Anadia/AL, 13 de fevereiro de 2025

Liga Árabe, China e Macron recusam planos de Trump de deslocar palestinos da Faixa de Gaza

Novas lideranças mundiais reforçam, nesta quarta-feira (12), sua oposição à ideia do presidente americano, Donald Trump, de deslocar a população da Faixa de Gaza. Na véspera, em entrevista ao canal de TV CNN, Emmanuel Macron exigiu "respeito", avaliando que "a melhor resposta" à crise no enclave não é "uma operação imobiliária".

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 12 de fevereiro de 2025

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Palestinos aguardam em fila de veículos no "Corredor de Netzarim", no centro da Faixa de Gaza, para voltar para suas casas no norte do enclave. Foto de 11 de fevereiro de 2025. AP - Abdel Kareem Hana

“Inaceitável”. É desta forma que o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, classifica a possibilidade de deslocamento da população palestina de seus territórios. “Hoje, o foco está em Gaza, e amanhã estará na Cisjordânia, com o objetivo de esvaziar a Palestina de sua população histórica”, afirmou na Cúpula Mundial de Governos em Dubai.

Assim como Abul Gheit, muitas lideranças regionais, além dos governos do Irã, China, Brasil e alguns países europeus, condenaram a ideia de Trump de retirar os cidadãos palestinos de Gaza, devastada pelo conflito entre Israel e Hamas, para realocá-los em outras nações da região, como Egito e Jordânia. “Após resistir a isto há 100 anos, nós, os árabes, não vamos capitular agora de maneira alguma”, insistiu o secretário-geral da Liga Árabe.

O mesmo tom foi adotado pela China nesta quarta-feira. “Gaza pertence aos palestinos e é parte integrante do território palestino”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun. “Nós nos opomos ao deslocamento forçado dos habitantes de Gaza”, acrescentou o porta-voz.

Projeto de Donald Trump

O presidente americano surpreendeu o mundo na semana passada quando, ao receber na Casa Branca o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, propôs que Washington assuma o controle de Gaza, para transformá-la na “Riviera Francesa do Oriente Médio”. De acordo com o projeto do líder republicano, os habitantes do enclave palestino seriam realocados em países da região, como Egito e Jordânia.

Mesmo após uma enxurrada de críticas, Trump voltou a evocar a ideia na terça-feira (11), ao receber o rei da Jordânia, Abdullah II, em Washington. O magnata repetiu que deseja colocar o enclave palestino “sob autoridade americana”, mas a ideia foi rechaçada pelo monarca. “Ressaltei que meu compromisso principal é com a Jordânia, com sua estabilidade e com o bem-estar dos jordanianos”, publicou Abdullah nas redes sociais, após se reunir com o líder republicano na Casa Branca.

“Acredito que uma das coisas que podemos fazer imediatamente é levar [para a Jordânia] duas mil crianças [de Gaza], crianças com câncer em estado muito grave. Isso é possível”, disse Abdullah a Trump. O presidente dos EUA classificou a iniciativa como um “gesto bonito”.

Logo depois, o Egito anunciou que planeja “apresentar uma visão global para a reconstrução” da Faixa de Gaza, com a expectativa de “cooperar” com o governo Trump. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do país, o objetivo é “alcançar uma solução justa para a causa palestina” e “que garanta que o povo palestino permaneça em sua terra”. Segundo o comunicado, o projeto será discutido entre os líderes árabes.

“Operação imobiliária”

Emmanuel Macron foi outra liderança que não poupou críticas ao projeto de Trump para a Faixa de Gaza. Em entrevista gravada pelo canal americano CNN na terça-feira, à margem da cúpula sobre Inteligência Artificial em Paris, o presidente da França exigiu “respeito” à população palestina classificando os planos do magnata de “operação imobiliária”.

“Você não pode dizer a dois milhões de pessoas: ‘Ok, agora adivinhem. Vocês têm que ir embora'”, afirmou o chefe de Estado. “Sempre repeti o meu desacordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu”, reiterou, referindo-se aos planos de Israel de administrar a Faixa de Gaza, mesmo após o fim da guerra. “Não acredito, mais uma vez, que uma operação tão massiva que por vezes tem como alvo civis seja a resposta certa”, martelou.

Macron ainda expressou seu apoio aos palestinos, mas também ao Egito e à Jordânia, que resistem à pressão do presidente americano. Uma solução “eficaz” para reconstruir Gaza “não significa automaticamente que você deve desrespeitar povos ou países”, insistiu o líder centrista.

Fonte: RFI

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