Anadia/AL

27 de julho de 2024

Anadia/AL, 27 de julho de 2024

Luiza Erundina continua internada na UTI em estado estável após ‘selvageria bolsonarista’ na Câmara

Deputada passou mal durante debate sobre projeto para identificar lugares de repressão na ditadura.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 6 de junho de 2024

Politica

O educador Daniel Cara afirmou nesta quarta (5) que conversou com Erundina. "Ela está bem, voz firme e animada com nosso projeto coletivo de fomento dos Conselhos de Escola", compartilhou | Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

Edição: Helder Lima

A assessoria da deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) informou, nesta quinta-feira (5), que a parlamentar continua internada no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, depois de passar mal ontem durante sessão tumultuada por bolsonaristas na Câmara. O quadro de saúde é estável e logo ela deve ir para o quarto.

“Ela passou bem a noite, acordou disposta e conversa normalmente”, detalhou a equipe de Erundina. Os exames da deputada também apresentaram resultados normais. Ainda não há previsão de alta. A deputada passou mal após uma discussão na Comissão dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Casa Legislativa que analisava o Projeto de Lei (PL) 1156/2021. A proposta institui a responsabilidade do Estado em identificar publicamente lugares de repressão política utilizados por agentes da ditadura civil-militar (1964-1985).

Erundina é relatora do PL e, pouco antes de passar mal, havia discursado em defesa da Comissão da Verdade e da democracia. Na fala, a deputada destacou a luta por justiça, memória e verdade, que perpassa por tornar público os crimes de morte e tortura cometidos por agentes estatais à época. Nesse sentido, o discurso da deputada, que foi aplaudida pelas falas, se opôs aos parlamentares bolsonaristas que tumultuavam a sessão. Ao longo do debate, a ala, conhecida por defender o revisionismo histórico, saiu contra a identificação dos locais onde a perseguição política ocorreu e disparou discursos de ódio e violência.

‘Selvageria bolsonarista’

Pouco depois, quando o deputado Ivan Valente (Psol-SP) apresentava sua análise sobre o PL, a parlamentar passou mal. Nas imagens feitas pela Câmara é possível ver uma movimentação em torno de Erundina, que aparece saindo da sessão ao lado de duas assessoras. De acordo com colegas da deputada, ela passou mal por conta da “selvageria bolsonarista”, como definiu Sâmia Bomfim (Psol-SP).

“Todos os dias a gente se pergunta qual é o limite que a Câmara dos Deputados vai chegar no nível de agressão e de violência política que a gente presencia todos os dias? Ofensas, xingamentos, ameaças, inclusive de morte. Eu digo que o limite foi o que aconteceu no dia de hoje. (…) Enquanto Luiza Erundina fazia a leitura de seu relatório na Comissão de Direitos Humanos, uma verdadeira barbárie foi feita pelas mesmas pessoas. São as mesmas sempre”, afirmou em plenário.

Sâmia cobrou do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), um “freio a essa barbárie fascista”. “Só nesta semana foram inúmeros os casos inaceitáveis, todos tratados com vistas grossas pelo presidente Arthur Lira. A segurança e saúde de parlamentares precisam ser resguardadas. Os bolsonaristas não podem normalizar a baixaria e a violência! Nós não iremos admitir”, acrescentou a deputada.

Onda de solidariedade à deputada

Nas redes sociais, diversos parlamentares registraram solidariedade à Erundina. Há pouco, o professor e pesquisador Daniel Cara divulgou ter conversado por telefone com a deputada e confirmou seu estado de saúde. “Ela está bem, voz firme e animada com nosso projeto coletivo de fomento dos Conselhos de Escola, fruto da lei de autoria dela, sancionada em 2023 (Lei 14.644/2023). Diante da minha fúria com a extrema-direita e seus métodos de provocação dos quais ela foi vítima, Luiza deu uma aula de sabedoria: o pior caminho é entrar no jogo deles”, escreveu Cara na rede X.

“Temos que ser firmes, não abaixar a cabeça, encará-los de frente, mas priorizar o fortalecimento do poder popular e a luta por justiça social. Essa é Luiza Erundina, a maior liderança e a grande Educadora do projeto político ao qual dedico minha vida”, completou.

A decana Luiza Erundina

Luiza Erundina tem 89 anos. Ela nasceu em 30 de novembro de 1934 em Uiraúna, na Paraíba. Assistente social e deputada federal, Erundina foi prefeita de São Paulo pelo PT de 1989 a 1992. Ela foi a primeira mulher a comandar o Executivo da capital paulista. Na Câmara, ela tem 25 anos de mandato como deputada federal.

Redação com RBA

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