Por Plínio Teodoro
Em reunião fora da agenda nesta sexta-feira (19) com ministros próximos e líderes do governo na Câmara e Senado, o presidente Lula armou uma estratégia e vai agir pessoalmente para tentar barrar o levante de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e a instalação de pautas-bomba no Congresso Nacional, que podem explodir o orçamento da União.
Lula vai convocar nova reunião com Lira na próxima semana e também se reunirá com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), depois que a Casa iniciou uma rebelião contra o Supremo Tribunal Federal (STF) com a PEC das Drogas.
O presidente também terá encontro reservado com vice-líderes do governo no Congresso, especialmente dos partidos que têm Ministério, como MDB, PSD, PSB, União Brasil e PP.
Lula quer entrar em campo após Lira rachar a articulação do governo no Congresso ao cortar relações com Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, responsável pelo cofre das emendas parlamentares no governo.
Enquanto Padilha tem buscado se articular com líderes partidários, Lira só conversa com o ministro Rui Costa, da Casa Civil, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Para Lula, isso tem gerado ainda mais dificuldade e desgaste na relação entre Executivo e Legislativo.
A principal preocupação do presidente são as ameaças de Lira em colocar pautas-bomba em votação, como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece a volta do quinquênio, benefício dado a juízes e promotores a cada cinco anos com aumento de 5% do salário.
Caso a proposta passe no Congresso, Lula pretende vetar, pois geraria um custo adicional de R$ 42 bi por ano aos cofres públicos. O problema é que o veto pode gerar desconforto na relação com o Judiciário, poder que tem se aliado ao Executivo na defesa da Democracia e contra a tentativa de um novo golpe.
Sobre o tema, Lira se espelha em Eduardo Cunha, que age nos bastidores tanto contra o governo, quanto contra o o judiciário, buscando aglutinar forças para colocar em pauta no Senado o impeachment de Alexandre de Moraes. Cunha foi o responsável pelo golpe contra Dilma Rousseff em 2016, que começou justamente com a aprovação de propostas para implodior o orçamento da União.
Haddad
Para desarmar as pautas-bomba, Lula contará com a ação imprescindível de Fernando Haddad, que também se reunirá com Lira e Pacheco nesta semana.
Nos cálculos de Lula, a economia tem sido a principal força-motriz da popularidade do governo, especialmente com o anúncio esta semana do aumento recorde da renda das famílias, impulsionada pela queda do desemprego e pelo Bolsa-Família turbinado.
Além de colocar freio na PEC do Quinquênio, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Haddad vai negociar a extinção gradativa do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, o Perse, criado durante a pandemia, e a desoneração da folha de pagamento.
Haddad ainda vai buscar dar celeridade à tramitação da regulamentação da reforma tributária no Congresso, um outro ponto de atrito com o grupo liderado por Lira, que se antecipou ao governo e apresentou 13 Projetos de Lei Complementar (PLP) na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara nesta semana.
Redação com Revista Fórum