Por: Lara Brito
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já definiu duas frentes para reforçar a base política rumo a 2026: mobilizar a esquerda e conquistar a classe média. A nomeação de Guilherme Boulos (Psol-SP) para a Secretaria Geral da Presidência integra essa movimentação.
Boulos abriu mão de uma possível candidatura em 2026 para assumir a função de articulador político com movimentos sociais. Na 1ª declaração como ministro, disse que sua principal missão será “colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”.
A menos de 1 ano da eleição, Lula é o atual favorito para 2026, segundo pesquisas do PoderData. O presidente tem dito que o pleito –apelidado de “manual sagrado”– precisa ser conduzido com uma articulação mais ampla da esquerda. Ele busca um aliado que consiga organizar grandes mobilizações pelo Brasil, mostrando os avanços e conquistas de seu governo.
Ao longo de 2025, protestos organizados pela Frente Povo Sem Medo e pelo MTST pressionaram o Congresso Nacional a avançar em medidas fiscais mais justas, como a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem recebe até R$ 5.000 mensais e a criação de tributos sobre bilionários, bancos e casas de apostas –apelidada pelo governo de “Taxação BBB”. Essas propostas também fazem parte da agenda do Executivo e beneficiam a classe média.
A habilidade de Boulos em botar nas ruas as pautas de interesse do governo se consolidou quando organizou os protestos contra o PL da Anistia e a PEC da Blindagem, o maior ato da esquerda em anos. Essa atuação estratégica chamou mais ainda a atenção do Planalto e reforçou seu papel como articulador do presidente.
O novo ministro leva consigo projetos voltados a categorias vulneráveis, como trabalhadores por aplicativo –ele propôs o PL 2479 de 2025 que garante um valor mínimo por entrega para esses profissionais. Na mesma linha, o governo vai lançar uma linha de crédito subsidiado para motociclistas de aplicativos, voltado a autônomos de renda média-baixa.
A defesa do fim da jornada de trabalho 6×1 também é uma de suas pautas. O Planalto já sinalizou que, após a reforma do IR (Imposto de Renda), pretende mobilizar aliados e a população em torno da PEC que estabelece a mudança. A proposta conta com apoio de integrantes do governo: a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, defendem publicamente a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais.
Em discurso recente, Lula fez um apelo à mobilização do campo progressista e reconheceu que, embora tenha vencido sucessivas disputas presidenciais, ainda não conseguiu consolidar uma maioria sólida no Congresso. Segundo ele, essa limitação tem dificultado a aprovação de pautas estratégicas do governo. Para 2026, Lula quer uma esquerda robusta para garantir “sustentabilidade à governabilidade”.
Redação com Poder 360