Por Henrique Rodrigues
Durante sua estadia em Belém, no Pará, onde participa de preparativos para a COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira (4) a operação policial realizada no Rio de Janeiro na semana anterior, que resultou na morte de 121 indivíduos, entre eles quatro agentes de segurança. Ele classificou o episódio como uma “matança” e defendeu a inclusão de especialistas em medicina legal da Polícia Federal nas apurações sobre os óbitos.
A ação, conduzida pelo governo estadual do Rio de Janeiro no dia 28 de outubro, teve como alvo a organização criminosa Comando Vermelho nas regiões dos complexos do Alemão e da Penha, tornando-se o confronto mais mortal já registrado no estado.
Em declarações concedidas a jornalistas da Associated Press e da Reuters, Lula destacou a discrepância entre a determinação judicial e o desfecho da operação. “Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, afirmou o presidente.
Ele informou que o governo federal busca viabilizar a participação de peritos da PF nas análises das circunstâncias das mortes. O Supremo Tribunal Federal agendou para esta quarta-feira (5) uma sessão específica para discutir o ocorrido.
“Nós estamos tentando essa investigação. Inclusive estamos tentando ver se é possível os legistas da policia federal participarem do processo de investigação da morte, como é que foi feito, porque tem muitos discursos, tem muita coisa”, argumentou.
Lula enfatizou a necessidade de esclarecer os fatos para além das narrativas oficiais. “Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela [a operação] se deu, porque até agora nós temos uma versão contada pela policia, contada pelo governo do estado e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação”, continuou Lula.
Por fim, o presidente avaliou os impactos da operação sob diferentes perspectivas. “O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, prosseguiu Lula, ainda durante a conversa com agências internacionais.
Redação C/ Revista Fórum













