Por: Guilherme Grandi
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça (15) que o governo do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), passou dois anos “falando bobagem” sobre o que seria uma “caixa-preta” do Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e que nada foi encontrado.
A nova crítica contra o governo anterior ocorreu durante a vista a obras da rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade fluminense de Paracambi. O governo federal está investindo R$ 1,5 bilhão no projeto financiado pelo BNDES como parte do Novo PAC.
Lula agradecia ao trabalho desenvolvido pelo presidente da instituição, Aloizio Mercadante, que diz ter recuperado o banco para voltar a investir em obras públicas.
“Quando o Mercadante pegou o BNDES só tinha denúncia, [de que] ‘vamos apurar a corrupção no BNDES, vamos apurar a caixa-preta no BNDES’. Na verdade, eu sei o que deveriam pegar no BNDES: passaram dois anos falando bobagem e depois foram obrigados a pedir desculpas porque não encontraram nada”, disparou Lula durante o evento (veja trecho).
A possibilidade de existência de um esquema de desvio de dinheiro público no banco foi citada por Bolsonaro desde o início do mandato. No entanto, em meados de 2021, ele reconheceu que nada foi encontrado.
“Não foi caixa-preta, na verdade. Está aberto. Eu também pensava que era caixa-preta, mas está disponível, no site do BNDES, todos os empréstimos feitos para outros países”, disse na época a apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada.
Naquele período, o BNDES gastou R$ 48 milhões com uma auditoria interna que pretendia esclarecer se havia algum esquema de corrupção. A investigação durou um ano e 10 meses e concluiu que não foram encontradas evidências diretas.
Lula afirmou que nenhuma irregularidade foi encontrada pelo fato de o BNDES “ser um centro de excelência” com uma “inadimplência quase zero”, por supostamente não ser governado por nenhum partido. Mercadante, no entanto, é um dos nomes mais influentes do PT. Ele ocupou cargos de liderança na legenda, como a vice-presidência e a presidência da Fundação Perseu Abramo, braço ideológico do partido.
“Lá não é governado por partido, não. Lá é governado por gente competente, técnico bem formado que faz as coisas em benefício desse país”, completou o presidente.
Ainda durante o discurso, Lula voltou a atacar os governos oposicionistas anteriores ao seu após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, afirmando que deixaram obras paradas que ela havia começado com o PAC 2, que ele lançou no final de seu segundo mandato.
Também afirmou que precisou reorganizar milhares de obras paradas de escolas e creches que encontrou ao voltar ao poder em 2023, e que pretende deixar a presidência – dessa vez sem citar o final de 2026 – com a entrega de projetos e que o país seja visto como “desenvolvido” perante o resto do mundo, e não mais apenas como “em fase de desenvolvimento”.
Redação com Gazeta do Povo
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