“Estamos tentando corrigir esse país”, afirmou Lula, ao destacar a Medida Provisória que altera regras de isenções e busca ampliar a arrecadação com foco na camada mais rica da população. A MP altera o regime de tributação de diversos instrumentos financeiros e segmentos do setor privado. O governo projeta uma arrecadação de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões em 2026 com a iniciativa.
Ao tratar da proposta de reforma no Imposto de Renda, o presidente foi direto: “Mandamos para o Congresso Nacional um projeto de lei do Imposto de Renda para dizer que quem ganha até R$ 5 mil não pagará mais Imposto de Renda nesse país”. E emendou: “Para isso, estamos dizendo: para poder quem ganha até R$ 5 mil não pagar, quem ganha acima de R$ 1 milhão por ano tem que pagar alguma coisa, porque não paga”.
Crítica à desigualdade e à elite econômica – O chefe do Executivo apontou a contradição nos argumentos dos setores empresariais que, segundo ele, reclamam do “gasto com os pobres” enquanto recebem isenções bilionárias. “Vocês sabem quanto nós gastamos com os ricos? Quantos bilhões a gente dá de isenção para os ricos desse país, que não pagam imposto? R$ 860 bilhões. É quatro vezes o Bolsa Família”, denunciou, visivelmente indignado. “O que a gente dá para eles é investimento. O que a gente dá para vocês é gasto”, ironizou.
”Reconstrução após “anos de destruição” – Ao comparar seu terceiro mandato com o governo de Jair Bolsonaro, Lula destacou os retrocessos nos investimentos sociais e a retomada de programas como o Minha Casa, Minha Vida. “Encontramos este país com 87 mil casas do tempo da Dilma paralisadas”, relembrou, afirmando que sua gestão entregará 3 milhões de moradias até o fim do mandato. “Duvido que vocês saibam, mesmo aqueles mais bolsonaristas, que me digam uma obra que Bolsonaro fez em Minas Gerais.”
Também mencionou os dados da economia para reafirmar a efetividade de seu governo: “Vocês sabem qual foi a última vez que o PIB brasileiro cresceu acima de 3%? Foi em 2010, quando eu era presidente. Quando eu era presidente em 2010, a economia cresceu 7,5%. Eu deixei a Presidência, o país nunca mais cresceu acima de 3%. Ele só foi crescer quando eu voltei, em 2023.”
Política social versus pressões do mercado – O presidente criticou o discurso de austeridade defendido por setores do mercado, que, segundo ele, se opõem aos reajustes no salário mínimo e aos benefícios sociais. “Todo dia você vê o pessoal falar ‘é preciso separar o salário mínimo, não pode aumentar de quem está aposentado’. Gente do céu, o mínimo é o mínimo. É tão pouco”, disse. “Os bancários [dizem] que ‘o governo está gastando demais, dando Bolsa Família demais, benefícios previdenciários demais, Pé-de-Meia demais’. Me parece que há uma sina desgraçada neste país que pobre tem que nascer pobre e morrer pobre.”
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