Nesta sexta-feira, durante entrevista ao canal LN+, do jornal La Nación, de Buenos Aires, o presidente argentino Javier Milei disse que não pedirá desculpas ao presidente Lula. Milei ratificou e ampliou suas agressões contra Lula, poucos dias depois que o presidente lhe exigiu um pedido de desculpas. Os dois devem se encontrar na semana que vem durante a reunião do Mercosul, no dia oito de julho, em Assunção, no Paraguai.
O Brasil é o principal sócio comercial da Argentina e a Argentina o principal destino das exportações industriais brasileiras. O Brasil, reconhecem aqui políticos de diferentes tendências, empresários e organizações de direitos humanos, é decisivo para o desempenho econômico e social argentino. Na entrevista desta sexta-feira, o ‘libertário’, como o radical de direita gosta de ser chamado, foi perguntado pelo jornalista Antonio Laje se pediria desculpas ao presidente do Brasil depois das agressões contra o líder brasileiro. Milei respondeu: “Parece uma discussão de crianças, de pré-adolescentes. É o mesmo mecanismo de Petro, de Sánchez..” O jornalista argumentou que a situação com Lula era diferente. Mas Milei insistiu: “Lula se meteu na nossa campanha presidencial”. Então, não vai pedir desculpas a Lula?, insistiu o jornalista. “As coisas que eu disse são certas. Qual é o problema? Eu o chamei de corrupto. E ele não foi preso por ser corrupto? E o chamei de comunista. E ele não é comunista? Desde quando é preciso pedir perdão por se falar a verdade? Não podemos dizer nada para a esquerda, mesmo quando seja a verdade?”.
Milei disse ainda que o presidente do governo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, também lhe exigiu um pedido de desculpas, mas ele considerou o pedido “ridículo”. Milei tem colecionado problemas diplomáticos com líderes socialistas e de esquerda em geral. E seis meses após a sua posse ainda não realizou viagem a um país da América Latina. O Paraguai será seu primeiro destino regional, após nove viagens internacionais para encontros com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com o ex-presidente e candidato à Casa Branca Donald Trump, num evento da direita em Maryland, nos Estados Unidos, e para receber prêmios de agrupações da extrema-direita na Europa e também nos EUA. Na reunião de Cúpula do G-7, na Itália, onde Lula e ele estiveram presentes, mantiveram distância. Na entrevista desta sexta-feira ao LN+, Milei, que recentemente disse “sentir afeto pelos Bolsonaro”, ampliou seus rancores contra o líder brasileiro.
“Você não acha que a campanha que Massa (ex-ministro e ex-candidato presidencial) que fez contra mim, estimulado pelo Brasil, não foi agressivo?”. O jornalista observou que esse seria um problema do peronista Sergio Massa. Ou seja, não da relação entre dois países, sócios fundamentais e históricos, pilares do Mercosul. Milei disse, então, que é ele quem espera um pedido de desculpas. “E não vão me pedir desculpas pelo que falaram de mim na campanha?”.
*Redação com Brasil 247