A Justiça da Holanda condenou Begoleã Mendes Fernandes, de 26 anos — mineiro de Matipó, na Zona da Mata mineira — à internação compulsória para tratamento psiquiátrico pelo assassinato de Alan Lopes, de 21 anos. Durante o julgamento, Begoleã disse ter cometido o crime por acreditar que a vítima era canibal. Ele foi preso no aeroporto de Lisboa, em Portugal, com carne de origem animal na mala, enquanto tentava retornar ao Brasil.
A perícia do Ministério Público da Holanda concluiu que Begoleã é esquizofrênico e desenvolveu um delírio paranoico em relação ao amigo. A internação é por tempo indeterminado. Ele só poderá ser liberado quando relatórios médicos comprovarem que ele pode voltar a conviver em sociedade.
A irmã de Alan, Kamila Lopes, afirma que a família, que acompanhou o julgamento na Holanda, já esperava a decisão. “A gente já imaginava. Mas também não esperamos que ele vá conseguir sair [ser liberado] tão cedo. Conhecemos histórias de pessoas que também foram condenadas à internação”, afirmou.
Kamila Lopes também descreveu a perda do irmão. “Era uma pessoa muito querida. O que nos conforta é que ele se foi fazendo o bem, tentando ajudar. Ele estava tentando fazer o bem. É uma luta diária. Ele faz muita falta, todos os dias”, afirmou.
Canibalismo
Quando detido, houve a suspeita de que a carne que estava na mala de Begoleã fosse de origem humana. Contudo, a perícia apontou que se tratava de origem animal. O mineiro afirmou que havia pegado o produto da geladeira de Alan, por pensar que o amigo era canibal.
Quem é Alan Lopes
Alan Lopes morava com a família na Holanda. Eles são naturais do Distrito Federal. No dia do crime, Alan estava sozinho em casa. A mãe e a irmã haviam viajado para a França. “Deixamos o Alan dormindo. Ele falou para fechar a porta para a luz não bater na cara dele. Essa foi a última vez que o vi”, narrou Kamila.
Na Holanda, Alan conheceu Begoleã, que enfrentava problemas financeiros. Segundo Kamila, quando não tinha onde dormir, Begoleã abrigava-se na casa da família.
Quem é Begoleã
Begoleã é natural de Matipó, na Zona da Mata mineira. Ele abandonou a faculdade de odontologia para investir na carreira de lutador. Identificou na Holanda uma oportunidade de crescimento. Contudo, em situação migratória irregular e sem trabalho fixo, fazia trabalhos esporádicos como entregador.
Fonte: O Tempo