Anadia/AL

21 de julho de 2024

Anadia/AL, 21 de julho de 2024

Mineração Vale Verde é candidata a se tornar a ‘Braskem do Agreste’

Explosões, agressões ao meio ambiente e risco de envenenamento leva comunidade vizinha à mineradora a pedir realocação às autoridades.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 12 de maio de 2024

MUNICIPIO

Foto: Divulgação

Alertados pelo que a população de Maceió vem sofrendo por conta da mineração de sal-gema pela Braskem, que destruiu cinco bairros da capital, moradores dos arredores da Mineração Vale Verde (MVV), no município de Craíbas, Agreste de Alagoas, começam a procurar as autoridades para propor a realocação de suas comunidades.

Eles têm motivos de sobra para solicitar a medida. “A mineradora tem pouco mais de três anos de atividade e, nesse período, tem casas com inúmeras rachaduras por conta das explosões para retirada de minério, um negócio muito complicado. Além disso, o barulho é intenso, 24 horas, não para, principalmente, à noite, que se escuta muito mais”, disse um deles ao 082 Notícias, sob a condição de anonimato.

Mas, ao contrário do exemplo do que ocorre com os maceioenses, eles querem uma indenização que seja justa. “Nós estamos pedindo às autoridades que elas façam com que a mineradora nos indenize, para que possamos seguir as nossas vidas, para que nós possamos ter nossas vidas tranquilas e em paz, como nós éramos [antes do início da mineração]. Sabemos que nós nos criamos aqui, moramos aqui desde crianças, nossas histórias estão aqui. Então, que nos realoquem por preços justos, não, simplesmente, pelos preços que valem nossas propriedades”, disse.

Outro fator que praticamente os obriga a deixar suas casas é o aumento exponencial do trânsito na rodovia que dá acesso a Craíbas, o que reduziu o sossego dos moradores. Apesar das queixas justas, no plano municipal, a comunidade está insatisfeita com o poder público. “Infelizmente, as autoridades, pelo menos as municipais, não têm nenhum tipo de interesse de ajudar a população. Essa é a grande realidade”, reclama o morador.

Poluição e morte de animais

A mortandade de animais e a poluição ambiental entram na lista de justificativas para o pedido de realocação. “Tem a questão do gás tóxico, gerado através dos produtos químicos que eles colocam para fazer a separação do minério e da terra, que é a sílica. Um segundo ponto é com relação a essa ‘língua preta’, porque a mineradora faz o descarte de líquidos para fazer a separação o minério e a terra. Isso cria um lodo. Esse lodo é despejado a céu aberto, como foi constatado pela fiscalização”, disse o homem.

Ele faz referência a uma ação da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco realizada na última terça-feira (7). Os fiscais encontraram uma “língua preta” de descarte de resíduos químicos a céu aberto relacionada à atividade da MVV.

“O que de fato aconteceu é que existe uma sangria na barragem da mineradora, que cai diretamente no Riacho Salgado, que é afluente do (Rio) São Francisco, onde um professor da Ufal [Universidade Federal de Alagoas] fez amostragem e dessa pesquisa revelou-se que o índice de materiais pesados estava num número mais alto do que deveria”, explicou.

Mineradora se defende

Sobre a poluição do riacho que deságua no São Francisco, a MVV emitiu nota que reproduzimos abaixo, na íntegra:

A Mineração Vale Verde (MVV) informa que o lançamento de efluentes provenientes de sua operação, bem como o processo de descarte dos rejeitos na Barragem Serrote estão totalmente regularizados, conforme as licenças e outorgas emitidas e fiscalizadas pelos órgãos ambientais. A água vista nos vídeos que circulam na internet, que não é tóxica, é resultante da drenagem da própria área da mineração, e sua coloração é devido à tonalidade da “terra” presente na área da mina. Essa água não é descartada no meio ambiente e fica armazenada na barragem.

Nesse sábado (11), a FPI do São Francisco confirmou a versão da mineradora por meio de nota:

A assessoria de comunicação da FPI do Rio São Francisco confirma a apuração de uma denúncia de despejo de efluentes num aquífero por uma mineradora localizada no Município de Craíbas. A força-tarefa esclarece que recebeu a denúncia – não a fez como foi noticiado recentemente.

Ao apurar a denúncia, os órgãos técnicos que compõem a FPI constataram que o lançamento de resíduos ocorre dentro de uma área da mineradora licenciada para receber rejeitos, sem apresentar assim irregularidades.

Redação com 082 Notícias


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