O candidato à presidência do partido de oposição Podemos, Venâncio Mondlane, fala em “manipulação” e afirma que “foram os guardas que abriram as portas da cadeia”. Ele denuncia um “plano macabro” da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e responsabiliza o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael pela crise.
“Bernardino Rafael é o principal responsável, um homem sanguinário, um assassino frio. Ele é responsável disso, juntamente com o comandante-chefe das Forças Armadas e o presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi”, acusou Mondlane. “Eles combinaram isso porque sabiam que, no terreno, estavam perdendo espaço para os manifestantes”, observou.
Mais 1.500 detentos fugiram na terça-feira da maior prisão de Moçambique, a cadeia de segurança máxima de Maputo. As primeiras imagens dos presos nas ruas foram divulgadas pelas redes sociais. Centenas de prisioneiros, alguns ainda com algemas, diziam estar nas ruas para “salvar o país”.
O comandante-geral da polícia de Maputo confirmou a fuga, destacando que entre os fugitivos estavam 29 condenados por crimes de terrorismo. Bernardino Rafael também falou sobre as vítimas. “Na confrontação direta com os presos, nas imediações da cadeia central, 33 pessoas morreram e 15 ficaram feridas. Conseguimos deter 150 presos”, explicou o oficial.
Bernardino Rafael acusou os manifestantes, que se aproximaram da prisão de segurança máxima de Maputo, de serem os responsáveis pela fuga dos prisioneiros.
A ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, apresentou uma versão diferente, garantindo que a rebelião havia começado no interior do estabelecimento prisional. “Há informações de que houve manifestantes do lado de fora, mas não foi essa a situação. Foi dentro do estabelecimento penitenciário que houve esta agitação”, afirmou Kida.
União Africana pede solução pacífica
O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, afirmou estar preocupado com a violência em Moçambique e apelou às autoridades para “conterem o uso da força” na manutenção da lei e da ordem. Moussa Faki Mahamat pediu ao governo, aos atores políticos e sociais do país para procurarem uma solução pacífica para resolver a crise, a fim de evitar mais mortes e destruição do patrimônio.
Ele ainda reafirmou o compromisso da UA em colaborar com o governo moçambicano e com as partes interessadas, bem como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para pôr fim à violência e garantir a manutenção da democracia constitucional em Moçambique.
Durante as manifestações que aconteceram após as eleições no país, 252 pessoas morreram, aponta um novo balanço anunciado nesta quinta-feira (26), metade das vítimas depois do anúncio dos resultados oficiais, na segunda-feira (23) pelo Conselho Constitucional. O órgão validou a vitória do candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, nas eleições de 9 de outubro.
Redação com RFI
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