Anadia/AL

7 de agosto de 2025

Anadia/AL, 7 de agosto de 2025

Motta demonstra fraqueza diante da pressão bolsonarista, avaliam deputados

'' Deputados de todos os espectros políticos avaliam que Motta demonstrou fraqueza diante da pressão bolsonarista.''

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 7 de agosto de 2025

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Imagem: Pedro Ladeira/ Folhapress

Por: Carolina Nogueira , Felipe Pereira e Amanda Feitas

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), assumiu o controle da mesa do plenário ontem, apenas por volta das 22h, depois de passar o dia tentando negociar para desobstruir o motim de congressistas da oposição. Nada foi votado.

O que aconteceu

Deputados de todos os espectros políticos avaliam que Motta demonstrou fraqueza diante da pressão bolsonarista. Parlamentares e lideranças disseram de forma reservada ao UOL que o presidente da Câmara errou por não estar na Casa quando o ministro do STF Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — já era esperada uma reação bolsonarista no Congresso quando isso acontecesse.

Nos bastidores, deputados governistas e do centrão apontam a falta de comando. Já os do PL e outros aliados de Bolsonaro criticam o presidente da Câmara publicamente, cobrando que seja pautado o projeto de anistia aos réus do 8 de Janeiro.

Motta não conseguiu liderar as negociações com os bolsonaristas e precisou escalar novamente seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). A fragilidade do presidente ficou exposta quando Lira, o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), e o segundo vice-presidente da Casa, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), conseguiram convencer o PL a desocupar a mesa do plenário em troca de continuar os diálogos sobre o projeto da anistia e a PEC que restringe o foro privilegiado.

Parlamentares lembraram que Lira, estando no comando da Casa, jamais permitiria que a oposição ocupasse o plenário por dois dias. Não é a primeira vez que ex-presidente da Casa é escalado para ajudar em negociações da Casa. Na crise do IOF, ele também foi chamado para uma reunião com Lula e Motta.

Líderes precisaram segurar a cadeira de Motta e afastar deputados bolsonaristas para que ele conseguisse sentar. Em meio às manifestações da oposição e governistas, o chefe da Casa levou cerca de dez minutos pedindo ordem e com o apoio da polícia legislativa para que pudesse iniciar seu discurso.

Anistia e pauta econômica

PP e União Brasil costuraram acordo para proteger Motta de levar o ônus de pautar a anistia. Lideranças afirmaram ao UOL que o presidente não se posicionou sobre o tema e deixou a cargo dos líderes do centrão. Arranjo devolveu o assento na mesa para que Motta fizesse um discurso defendendo o diálogo, antes encerrar a sessão.

Centrão quer avançar com a pauta econômica. Apesar da pressão da oposição, lideranças de partidos de centro afirmam que a prioridade são os projetos econômicos, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais. A proposta tem de passar até o final do ano para que valha para a declaração do IR de 2026.

Hoje é a vez de Alcolumbre mostrar comando no Senado. Ele marcou a sessão para as 11h, sem projetos importantes, embora esteja com o cronômetro contando contra o projeto que isenta de Imposto de Renda as pessoas que ganham até dois salários mínimos. Se não for votado até segunda, ele caduca e passaria a valer a tabela anterior.

Oposição tenta cantar vitória

Sóstenes Cavalcante afirmou que a anistia será votada. Em entrevista à imprensa ao final da sessão, o líder do PL disse que o projeto começa a tramitar na próxima semana.

Entretanto, não existe um texto pronto. O líder da oposição, Zucco (PL-RS), afirmou que ainda será discutido quem seria beneficiado pela proposta. Ele ressaltou que defende anistia ampla, geral e irrestrita — o que livraria Jair Bolsonaro de ser condenado pelo STF.

O centrão deve determinar quem será incluído na anistia. Sóstenes falou que União Brasil, Progressistas e PSD se comprometeram a costurar um texto. A base governista nega que tenha havido esse acordo.

Ele projeta que haverá votos pela aprovação. A conta inclui toda a bancada destes partidos do centrão mais PL e Novo.

Sóstenes disse que ficou acertado também votar o fim do foro privilegiado. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) protocolou um requerimento de inclusão de pauta ontem. A expectativa do líder do PL é votar na próxima semana.

Ele disse que o projeto livra deputados e senadores da “chantagem” do STF. A proposta impede que processos contra parlamentares caiam direto no Supremo. Desta forma, os processos por tentativa de golpe de bolsonaristas iriam para instâncias inferiores.

A medida também agrada ao centrão. Deputados da direita admitem que vários parlamentares investigados por suspeitas com emendas seriam beneficiados e foi isso que teria ajudado a convencer União Brasil, PP e PSD.

O líder do PT afirma que a oposição faz uma narrativa própria. Lindbergh Farias (PT) disse que a direita cedeu e criou fatos políticos para ter o que falar para a militância. Ele disse que Motta não assumiria este compromisso com o PL. Na avaliação do líder do PT, haveria um custo político muito grande para o presidente da Câmara.

Aprovar a anistia significaria ceder a Donald Trump. Lindbergh avalia que a soberania brasileira seria ferida e a população se posicionará contra uma tentativa de impedir a prisão de Jair Bolsonaro por exigência dos Estados Unidos.

Sem acordo nas reuniões

Direita queria falar com Alcolumbre. Os bolsonaristas tentaram sem sucesso um encontro em que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também estivesse para ouvir as reivindicações deles.

Projetos de interesse da direita dependem do Senado. Além da anistia e fim do foro privilegiado, a oposição tentar pôr para votar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o que depende do Senado. Moraes é relator dos processos que afetam a família de Jair Bolsonaro diretamente.

A reunião de líderes não chegou a um acordo. Mesmo assim, Hugo Motta marcou sessão para as 20h30. Enquanto isso, no plenário, os deputados discutiram se continuariam ocupando a Mesa da Casa. A maioria concordou em não negociar e manter o protesto.

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