Por: Pedro Henrique Gomes, Zileide Silva, Guilherme Balza, Mateus Rodrigues, Gustavo Garcia, Pedro Alves Neto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou nesta terça-feira (23) que o governo tenha problemas de articulação política no Congresso Nacional – apontados, nos últimos meses, pelos próprios parlamentares.
“Eu sinceramente não acho que a gente tenha problema no Congresso. A gente tem as situações que são as coisas normais da política”, declarou em um café com jornalistas no Palácio do Planalto.
“Qual é a briga com o Congresso? É o normal da divergência da política, num Congresso Nacional que tem vários partidos políticos, que tem programas diferentes. A coisa mais normal é que, quando você dê entrada com um projeto de lei ou uma medida provisória, tenha gente que queira incluir ou tirar alguma coisa”, disse.
Lula afirmou, ainda, que está em uma “situação de muita tranquilidade na relação com o Congresso Nacional”, e previu placares vitoriosos para as próximas votações.
O cenário indicado até o momento, no entanto, é de possíveis revezes em vetos – como no projeto que restringe as “saidinhas” de presos – e de pressão pela aprovação de pautas-bomba como a PEC do Quinquênio, que pode gerar custos adicionais de até R$ 82 bilhões nos próximos três anos.
Ao citar exemplos de êxitos anteriores, o presidente recorreu à PEC da Transição, aprovada ainda em 2022, e a reforma tributária – ambos, exemplos anteriores às reclamações mais recentes.
“Num país que o presidente só tem 70 deputados do seu partido, a gente conseguiu aprovar a PEC da Transição apenas com votos contra de alguns poucos deputados. Porque muita gente, inclusive do partido do outro lado, votou a favor da PEC da Transição. Como se explica a gente ter aprovado a reforma tributária?”, disse.
Questionado, Lula evitou comentar a reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fora da agenda oficial das duas autoridades no último domingo (21).
“Se eu fizesse uma reunião com Lira e eu quisesse que a imprensa soubesse, eu falaria para a imprensa”, respondeu, se esquivando.
O presidente deve se reunir, também nesta semana, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A data não foi divulgada e é possível que, assim como com Arthur Lira, o encontro aconteça fora das agendas oficiais.
“Não é o presidente do Senado que precisa de mim. Não é o presidente da Câmara que precisa de mim. Quem precisa deles é o presidente da República, é o Poder Executivo. Cada um tem uma função. Nós temos a nossa função. E quem aprova o Orçamento da União são eles. Quem aprova os projetos de lei são eles. Então, é o governo que precisa ter o cuidado de manter a relação mais civilizada possível, tanto com a Câmara quanto o Senado”.
Sem reforma ministerial
Lula também negou, no café com jornalistas, que esteja pensando em promover uma reforma ministerial – seja para melhorar a articulação política ou para trocar o comando de áreas técnicas.
“O time está jogando, e está jogando do jeito que eu acho que deve jogar. Portanto, não existe nenhuma previsão de reforma ministerial na minha cabeça, nesse instante. A única coisa que existe na minha cabeça é que esse país tem que dar certo, porque o povo precisa disso”, declarou.
Há duas semanas, Arthur Lira chamou o ministro das Relações Institucionais de Lula, Alexandre Padilha, de “desafeto pessoal” e “incompetente”.
Dias depois, Lula chegou a dizer que gostaria de promover um rodízio nesse ministério, para evitar desgastes, mas tinha decidido manter Padilha “só por teimosia”.
Nesta segunda-feira (22), apesar de poupar Padilha, Lula cobrou do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mais capacidade de articulação junto ao Legislativo para aprovação de projetos de interesse do governo.
*Redação com G1