O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira que não pode antecipar novos cortes na taxa de juros e afirmou que é uma prerrogativa da autarquia mudar sua orientação futura quando necessário.
Campos Neto disse que a autarquia precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar” até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho.
O BC decidiu na semana passada reduzir o ritmo de afrouxamento monetário, cortando a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,50% ao ano, após seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual. A decisão significou o abandono da orientação futura dada na reunião anterior do Copom, que previa um corte de 0,50 ponto neste mês.
“Já teve muitas mudanças de ‘guidance’ — estou aqui há quase seis anos — e em nenhum momento passou pela minha cabeça ligar para o ministro Paulo Guedes para falar que eu achava que o ‘guidance’ ia mudar para A, B ou C”, disse. “Nunca fiz isso no governo anterior e com certeza não planejo fazer neste.”
Para Campos Neto, é importante passar a mensagem de que a reunião da autoridade monetária é técnica e opiniões divergentes fazem parte do processo.
“Sinto o clima, mas nem sempre consigo extrair o voto. Desta vez, vários diretores disseram que estavam em dúvida. Mas o grosso do debate é no dia. A pergunta é se o fato em si, de ter a divisão, poderia afetar o mercado de forma diferenciada. Sim, isso foi discutido”, afirmou.
“A reunião foi baseada em aspectos técnicos”, disse.
*Redação com Brasil 247