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“Não sairemos”, afirmou Hatem Azam, um morador de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que, como a maioria dos palestinos, está indignado com a proposta do presidente estadunidense, Donald Trump, de enviar os habitantes de Gaza para o Egito ou a Jordânia.
“Trump acha que Gaza é um monte de lixo. É mentira!”, disse o homem de 34 anos, irritado com as palavras que o presidente dos Estados Unidos usou ao falar de seu plano.
O presidente estadunidense deve se reunir nesta terça-feira (4) na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Desde 19 de janeiro, vigora um cessar-fogo no estreito território palestino, devastado após mais de 15 meses de ofensiva israelense que deixou mais de 47 mil mortes.
“Trump e Netanyahu precisam entender a realidade do povo palestino e da população de Gaza. Trata-se de um povo profundamente enraizado na sua terra. Não sairemos”, insistiu Azam à AFP.
Perto de edifícios em ruínas em Jabaliya, no norte de Gaza, Raafat Kalob está preocupado com as possíveis consequências da reunião em Washington entre Trump e Netanyahu.
“Acho que a visita de Netanyahu a Trump refletirá seus planos futuros de deslocar a força o povo palestino e redesenhar o Oriente Médio”, afirmou. “Espero sinceramente que este plano não seja concretizado”, acrescentou.
Ihab Ahmed, outro residente de Rafah, lamentou que tanto Trump quanto Netanyahu “ainda não entendem o povo palestino” e sua conexão ao território.
“Permaneceremos nesta terra aconteça o que acontecer. Mesmo que tenhamos que viver em tendas e nas ruas, continuaremos enraizados nesta terra”, declarou o homem de 30 anos.
Segundo Ahmed, os palestinos aprenderam a lição da guerra de 1948 que se seguiu ao mandato britânico, quando centenas de milhares de palestinos foram expulsos de suas casas com a criação de Israel, e nunca lhes foi permitido retornar, episódio conhecido como Nakba,a catástrofe palestina.
“O mundo precisa entender esta mensagem: não sairemos como aconteceu em 1948”, enfatizou.
A primeira fase da trégua pôs fim aos combates em Gaza e possibilitou um processo de troca de reféns por prisioneiros palestinos. Mas as negociações para encerrar de forma definitiva a guerra ainda não começaram.
Zebda, um pai de seis filhos que perdeu sua casa na guerra, disse que nem ele nem nenhum morador de Gaza abandonaria o território costeiro.
“Somos os donos desta terra; sempre estivemos aqui e sempre estaremos. O futuro é nosso”, afirmou. Em Jabaliya e outras áreas do norte do território, duramente afetadas pela guerra, os deslocados que voltaram ao que resta de suas casas sobrevivem no momento em tendas.
‘Limpar’ a Faixa de Gaza
O presidente republicano apresentou, no final de janeiro, uma proposta para “limpar” a Faixa de Gaza. “Estamos falando de um milhão e meio de pessoas, e simplesmente limparemos tudo isso”, declarou aos jornalistas.
Trump “quer obrigar o Egito e a Jordânia a acolher migrantes, como se fossem propriedade dele”, criticou Azam, chamando o chefe de Estado de “delirante”.
Tanto o Egito quanto a Jordânia rejeitaram a proposta, e vários países denunciaram o projeto como “limpeza étnica”. –
Alguns, no entanto, mostraram sinais de otimismo, como Majid al Zebda, um habitante de 50 anos de Jabaliya.
Trump “pressionará Netanyahu para acabar com esta guerra”, opinou.
Redação com Brasil de Fato
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