Com informações dos correspondentes da RFI Rami Al Meghari, na Faixa de Gaza, e Aabla Jounaïdi, em Jerusalém
O quilo do tomate pode chegar a 100 shekels, cerca de R$ 160. Há meses, a população de Gaza esqueceu o sabor de certos vegetais. Farinha e açúcar agora são vendidos por grama. Um mercado paralelo alimentado por mercadorias arrancadas dos caminhões que entraram em Gaza nos últimos dias — sem, no entanto, provocar queda nos preços.
Um jovem, que preferiu não se identificar, relatou: “Vendo 250 gramas de açúcar por 90 shekels. Peguei isso perto de um tanque, no ponto de passagem de Zikim. Quatro quilos!”.
Como ele, muitos se tornaram vendedores improvisados, aproveitando-se do desespero generalizado.
“Onde vou conseguir esse dinheiro?”
Essa situação revolta Aboul Hassan, pai de oito filhos:
“Agora, os vendedores se aproximam discretamente para oferecer farinha! Como se fosse droga, e dizem: ‘São 45 shekels!’ Esses vendedores são o outro rosto da ocupação israelense. Sou pai de família e não consigo alimentar meus filhos. Não vejo nada da ajuda que chega”, lamenta.
A mesma indignação é compartilhada por Khitam, mãe de oito filhos, convencida de que alguns vendedores estão estocando produtos para manter os preços altos.
“Onde vou conseguir esse dinheiro? Os vendedores estão nos explorando! Tenho que roubar para comer, é isso? Isso não é justo. Eles precisam garantir a segurança da ajuda!”, pede a mulher.
Israel dificulta chegada de ajuda
O exército israelense acusa o Hamas de organizar o roubo da ajuda para financiar suas atividades. No entanto, um relatório da USAID, agência americana de ajuda internacional, publicado na semana passada, contesta essa acusação, atribuindo os desvios principalmente a grupos armados não identificados.
“Essa ajuda se torna uma mercadoria valiosa para ladrões e grupos que colaboram com o exército israelense nas áreas onde ele está presente”, afirma o economista Mohamed Abou Jiab.
“Israel está dificultando deliberadamente a chegada da ajuda”, denuncia.
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