Por Yuri Ferreira
Nesta quinta-feira (14), os EUA destacaram parte de suas forças armadas para o Sul do Caribe sob alegação de lutar contra os cartéis de drogas que operam na região, informa a Agência Reuters.
O principal alvo no perímetro do Sul do Caribe foi declarado pelo presidente Donald Trump com a recompensa de US$ 50 milhões pela cabeça de Nicolás Maduro no início desta semana. A alegação do Departamento de Justiça dos EUA é a de que o presidente do país teria ligações com o narcotráfico — apesar de nunca ter apresentado provas de tal acusação.
Nesta semana, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi — lobista do Catar e responsável pela pizza no caso Epstein — anunciou o sequestro de bens ao redor de diferentes países que poderiam estar ligados a Maduro.
Em 2017, foi o governo de Donald Trump que inventou e deu apoio internacional a Juan Guaidó, o presidente autoproclamado que nunca foi. Durante os três anos que se seguiram de governo Trump, o seu secretário de estado Mike Pompeo seguiu em ofensiva. Contavam com um aliado forte contra Maduro: Jair Bolsonaro, que afirmou que o Brasil estava “trabalhando para restabelecer a democracia” na Venezuela e chegou a ordenar uma simulação de guerra contra Caracas.
Foram impostas diversas sanções contra empresas venezuelanas que, na realidade, criaram um embargo econômico ao país. Em 2023, uma corte na Inglaterra decidiu que os mais de 1,95 bilhões de dólares em ouro localizados em um banco no país não poderiam ser utilizados por Caracas, que atravessava os efeitos da pandemia somado aos ataques econômicos de sanções.
A inflação bateu níveis absolutamente éstratosféricos e, em 2024, as eleições vencidas pelo chavismo completaram um movimento histórico. A oposição ainda questiona o resultado eleitoral e pleiteia Edmundo González como verdadeiro eleito. Ele atua como um novo Juan Guaidó, apoiado por países alinhados aos EUA no continente latino-americano e na Europa, mas com menos relevância que seu antecessor.
No início do ano, a recompensa por Maduro saiu de US$ 10 mi para US$ 25 mi. E agora, Trump aumenta o preço para US$ 50 mi. Quem der o golpe de estado garante riqueza para si e para gerações.
Mas nada disso foi suficiente para derrubar Maduro. Então, qual é a nova cartada de Trump?
O Trem de Aragua
Nos últimos anos, Trump não tira o “Trem de Aragua” da boca. Trata-se de um grupo criminoso de origem venezuelana que tem atuação nos EUA e em alguns outros países do continente americano.
Sob o álibi do combate ao tráfico de drogas, Trump prepara uma nova afronta à soberania venezuelana: uma operação militar, aos moldes do que foi feito na Colômbia contra Pablo Escobar. A ideia, claro, é derrubar Nicolás Maduro e o domínio inquebrável do chavismo na Venezuela.
Curiosamente, um dos principais inimigos da organização criminosa é o próprio governo venezuelano. Em 2023, a Força Armada Nacional Bolivariana entrou na penitenciária de Tocorón, estado localizado a cerca de duas horas de Caracas, e fez uma operação para desmantelar o centro operativo do grupo, enfrentando resistência armada, o que levou ao derramamento de sangue — os criminosos estavam armados e chegaram a matar um major das forças armadas.
A Venezuela declara que, desde 2023, a organização criminosa está completamente desmantelada e sem capacidade operativa.
Entre os imigrantes deportados dos EUA para El Salvador que foram resgatadas pelo governo venezuelano, nenhum era membro do grupo criminoso.
De acordo com o Wall Street Journal, Trump ordenou ao Pentágono estudos militares sobre possíveis destacamentos contra cartéis de drogas na América Latina. Os principais focos são o México (com os cartéis de Sinaloa e Jalisco), El Salvador (La Mara Salvatrucha), Haiti (Viv Ansanm and Gran Grif) e, claro, o tal Trem de Aragua.
Redação com Revista Fórum
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