Os jovens jogavam num campo de futebol no momento da tragédia, em uma pequena cidade de cerca de 11 mil habitantes. A tragédia forçou o primeiro-ministro Netanyahu a voltar mais cedo do que o esperado dos Estados Unidos para presidir uma reunião do gabinete de segurança em Tel Aviv, relata o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. O primeiro-ministro prometeu que “Israel não deixará este ataque mortal ficar sem resposta”.
Durante a noite de sábado para domingo, o Exército israelense afirma ter disparado contra alvos do Hezbollah no território libanês e ao longo da fronteira com Israel, especificamente visando depósitos de armas e outras infraestruturas da organização islâmica libanesa. Áreas até então intocadas ao norte da cidade costeira de Tiro e a oeste de Baalbek, a 100 quilômetros da fronteira, foram bombardeadas. Drones também atacaram Kfar Kila, na zona de fronteira.
Líderes israelenses falam em ‘guerra total’
A escalada do conflito iniciado em Gaza é sentida nas declarações dos líderes israelenses. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que seu país está confrontado a uma “guerra total”. Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou ainda que “o massacre de sábado constitui a passagem de todas as linhas vermelhas pelo Hezbollah”.
“Este não é um exército lutando contra outro exército, mas uma organização terrorista que atira deliberadamente em civis”, completou. “O foguete que matou nossos meninos e meninas era um foguete iraniano, e o Hezbollah é a única organização terrorista que tem isso em seu arsenal”, acrescentou o ministério. “Israel exercerá o seu direito e dever de autodefesa e responderá a este massacre”, sublinha ainda o ministério. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas e a maioria continua hospitalizada em Israel neste domingo.
Outras autoridades israelenses também exigem uma resposta forte ao ataque, o mais mortal contra Israel desde 7 de outubro. Sob condição de anonimato, um oficial militar tentou acalmar os ânimos afirmando que a resposta será contundente, mas comedida, para não levar a região para um conflito generalizado.
Hezbollah nega responsabilidade por disparos
O movimento xiita libanês Hezbollah nega ser o autor deste ataque. Segundo o grupo, a explosão seria sido resultado de um míssil interceptador israelense. Israel, porém, afirma que o ataque foi perpetrado por um foguete iraniano Falaq-1 carregado com uma ogiva de 50 quilos, reiterando que o grupo xiita libanês é o único que possui foguetes desse tipo na região.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também indicou no domingo que “todas as indicações” mostrariam que o foguete que caiu sobre as Colinas de Golã “veio do Hezbollah”, durante uma coletiva de imprensa em Tóquio.
O grupo libanês leva a sério as ameaças de represálias israelenses, especifica o correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh. Fontes indicam que, pela primeira vez desde 8 de outubro, o movimento de Hassan Nasrallah ordenou a evacuação urgente dos edifícios ocupados pelas suas instituições sociais, administrativas e financeiras nos seus redutos na planície oriental de Bekaa e nos subúrbios do sul de Beirute.
A imprensa libanesa informou que o Hezbollah alertou a força da ONU no sul do Líbano de que qualquer ataque israelense resultaria em uma “resposta explosiva”, mesmo com o risco de provocar uma guerra. O grupo xiita não reivindicou qualquer ataque contra posições israelenses.
Já o Irã alertou Israel no domingo contra as “consequências imprevisíveis” de novas “aventuras” militares no Líbano. “Qualquer ação (…) do regime sionista pode levar ao agravamento da instabilidade, da insegurança e da guerra na região”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanani, acrescentando que Israel seria responsável por “consequências e reações imprevisíveis a tais ações estúpidas”.
Fonte: RFI