Anadia/AL

19 de junho de 2025

Anadia/AL, 19 de junho de 2025

O destino da humanidade nas mãos de homens brincando de destruição

Da extrema direita que ganha campo às guerras que eclodem em todo o mundo, nossa década ferve em um caldeirão de masculinidade tóxica.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 19 de junho de 2025

G.1

Foto: Reprodução - ICL

Colunista: Andrea Dip

Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, mais de 55 mil pessoas foram mortas na desde o início da ocupação de Israel ao território em pouco mais de 600 dias. Mais da metade das vítimas eram mulheres e crianças. Jornalistas e pesquisadores, no entanto, dizem que esse número é muito maior.

Torturas, o uso da fome como arma de guerra, o assassinato de pessoas em emboscadas quando buscam por comida e medicamentos.

A morte deliberada de médicos, jornalistas e até animais. A destruição de hospitais, crimes de guerra sendo cometidos live com direito a produção de conteúdo de soldados israelenses para redes sociais.

Barbárie. Genocídio. E um laboratório, onde o ocidente testa novas armas, equipamentos, inteligências e tecnologias de guerra.

“Guarde minhas palavras, Andrea. Eles estão testando em Gaza mas isso será usado no mundo todo” me diria um jornalista palestino. Suas palavras me assombram desde então.

Em pouco mais de 5 dias, a guerra entre Israel e Irã já deixou mais de 240 mortos.

Teerã foi alvo de novos ataques na madrugada desta terça-feira (17), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomendar que todos deixem a capital iraniana onde vivem quase 10 milhões de pessoas.

Essas ações foram intercaladas, vale dizer, por bombardeios israelenses contra o sul do Líbano, a Síria e o Iêmen nos últimos meses.

A justificativa de Israel é o fato de o Irã ter um programa nuclear que pode ser usado com fins militares. Mas Israel também tem um programa nuclear militar.

Como escreve João Paulo Charleaux em artigo para a Agência Pública, “por causa disso, os dois países se enxergam mutuamente como ameaças existenciais, e, como nos filmes de faroeste, a questão era quem sacaria a arma primeiro. Israel decidiu puxar a pistola”.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, segue ameaçando a Ucrânia e o mundo com uma guerra nuclear. Fala também em III Guerra Mundial e até em “fim do mundo” caso Ucrânia e Otan tentem reaver territórios ocupados pelas tropas russas no país.

A Rússia possui o maior número de ogivas nucleares do mundo, segundo a Federação dos Cientistas dos EUA.

Enquanto isso, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, segue pedindo mais armas, mais mísseis e mais reforço militar.

A Ucrânia não revela oficialmente o número de seus mortos e a Rússia subestima seu número, mas segundo um relatório recente do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), o total de soldados mortos ou feridos chega a quase 1,4 milhão, sendo cerca de 1 milhão russos e 400 mil ucranianos.

E líderes europeus como o recém-empossado chanceler alemão Friedrich Merz se armam até os dentes.

Apoiador incondicional de Israel e da Ucrânia, em sua primeira declaração, Merz disse: “O governo federal fornecerá todos os meios financeiros necessários para que a Bundeswehr se torne convencionalmente as forças armadas mais fortes da Europa”.

E enfatizou que a lição da guerra da Rússia na Ucrânia é que “a força dissuade os agressores” e “a fraqueza, pelo contrário, convida à agressão”.

Pode existir uma fala mais “macho” que essa?

Merz dispõe de uma nova estrutura legal que permite ao governo gastar como nunca em defesa. Na reforma constitucional aprovada em março, o teto da dívida para todos os gastos militares que excedam 1% do PIB, aproximadamente 43 bilhões de euros, foi removido.

Isso para citar superficialmente apenas alguns dos conflitos e posicionamentos de líderes políticos atuais.

E sem falar no papel e na importância dos Estados Unidos em todos esses conflitos e em outros internos que estão fervendo, como as violentas deportações e  uso de força militar contra manifestantes.

E sem mencionar os techbros e todo o esforço tecnológico que empregam para viabilizar e legitimar essas ações.

E agora, no encontro do G7 no Canadá, alguns desses mesmos líderes (em sua esmagadora maioria homens) se reúnem para decidir se a humanidade merece viver mais um pouco, quem merece viver ou morrer e para onde vão direcionar seus brinquedos de destruição.

À frente de todos esses conflitos estão homens. Em sua grande maioria homens conservadores, de direita ou extrema direita.

À medida em que o mundo dá seu giro ao ultraconservadorismo, ao ultranacionalismo, às ideologias de limpeza étnica e avança no uso de tecnologias e IA nas guerras, ele também vai se “masculinizando” ainda mais, se é que isso é possível.

Uma masculinidade literalmente tóxica. Assassina. Líderes mundiais que se comportam como meninos brincando de arminha.

Seus objetos fálicos e suas ideias infantis de virilidade e poder. Morte e gozo.

O destino da humanidade está nas mãos de homens empolgados com seus brinquedos de destruição. De novo. Ainda.

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