Por Geraldo de Majella
A crise política que emergiu no Partido dos Trabalhadores (PT) alagoano tem origem na luta interna entre as diferentes tendências, atingindo uma dimensão maior do que deveria.
Entender a complexidade das relações políticas, sociais e econômicas em Alagoas é o que falta aos petistas, em particular, e à esquerda, no geral. É preciso, pois, saber o quanto a classe dominante é capaz, sagaz e trabalha para emparedar os seus adversários.
O PT não pode se negar a discutir Alagoas em profundidade, sabendo que o diagnóstico da realidade é a base para o salto de qualidade na elaboração de estratégias políticas de médio e longo prazos. As definições devem ou deveriam ultrapassar os limites da manutenção de mandatos parlamentares, influenciando na discussão do desenvolvimento socioeconômico do estado.
A aliança eleitoral mantida com o governador Paulo Dantas (MDB) poderia avançar nas áreas em que o PT e os movimentos sociais têm influência. A conjuntura política nacional é favorável, acontece que não há nada, absolutamente nada, estruturado para apresentar ou incorporar ao que o governo vem trabalhando.
O discurso em defesa da agricultura familiar é importante e o PT tem sido protagonista nesse sentido. O que falta é o plano para avançar nessa área. A destinação de emendas parlamentares é um ganho, sem dúvida, para os milhares de trabalhadores e trabalhadoras.
O que poderia ficar como legado é a estruturação de políticas de desenvolvimento da agricultura familiar, formação e capacitação, assistência técnica e apoio na formatação de projetos para criação de parques agroindustriais com o selo do PT, do governador Paulo Dantas e do presidente Lula.
O Instituto Federal de Alagoas (Ifal) de Satuba tem formado centenas de técnicos anualmente e não há nenhum programa permanente que contrate esse exército de profissionais capacitados para trabalhar na agricultura familiar.
Esse é um dos pontos não discutidos pelo PT, pela incompreensão política, pelo desvio de objetivo, pela incapacidade de entender que, para disputar o poder, é preciso se qualificar politicamente.
Paulo Dantas não tem origem na esquerda e não teve militância em movimentos sociais, no entanto, como aliado do PT, não tem sido demandado para discussões desse tipo.
Quem são os aliados e os adversários?
A definição do campo de luta é parte da estratégia política. Em Alagoas, o campo ficou delimitado a partir de quem estava apoiando a candidatura de Lula. Vencidas as eleições local e nacional, faltou construir o plano de atuação. O improviso tem sido a marca registrada.
Os aliados do PT são o governador Paulo Dantas, o senador Renan Calheiros, o ministro Renan Filho e o senador Fernando Farias, este no exercício do mandato já que Renan Filho é Ministro dos Transportes.
A candidatura de Ricardo Barbosa a prefeito de Maceió é o epicentro da divergência entre Paulão e o senador Renan Calheiros e que veio a público por incontinência verbal e, principalmente, pela falta de perspectiva futura.
O PT em Alagoas tem entre os seus filiados quadros políticos e técnicos capazes e com experiência em quase todas as áreas do conhecimento. Esse capital, de que nenhum outro partido dispõe, é um ativo praticamente imobilizado politicamente. Enquanto não houver mudança na concepção política não haverá avanço significativo do partido.
A crise política interna vai permanecer e nada indica que mude. Quem viver, verá!
P.S. Os adversários estão definidos: Arthur Lira, João Henrique Caldas e os histriônicos da extrema-direita.
Redação com 082 Notícias