Por Yuri Ferreira
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) acusou publicamente o ex-procurador-geral da República Augusto Aras de “conduta promíscua” com Jair Bolsonaro durante a pandemia, em postagem no Bluesky neste sábado (22).
A declaração surge após o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que revelou encontros regulares entre o ex-presidente e Aras, sem intermediários.
“A CPI da COVID empilhou provas robustas e indiciou dezenas de pessoas, entre elas o ex-presidente. Augusto Aras e Lindôra Araújo blindaram os investigados e perseguiram os adversários.
O depoimento de Mauro Cid ilumina a conduta promíscua de Aras”, escreveu Calheiros, referindo-se ao relatório final da comissão parlamentar de inquérito, que apontou crimes de Bolsonaro e aliados na gestão da crise sanitária da Covid-19.
Em julho de 2022, a Procuradoria-Geral da República (PGR), então comandada por Aras, pediu ao STF o arquivamento de sete investigações contra Bolsonaro citadas no relatório, incluindo acusações de epidemia com resultado de morte e prevaricação.
A vice-procuradora Lindôra Araújo, responsável pelo pedido, classificou as conclusões da CPI como “políticas” e sem “fundamento jurídico automático”. À época, a decisão foi criticada pelos senadores responsáveis pela comissão.
As revelações de Mauro Cid, em depoimento como delator premiado revelados na última quinta-feira (21), reforçam as suspeitas. Ele afirmou que Aras e Araújo agendavma reuniões mensais diretamente com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
“Normalmente as autoridades tentavam marcar comigo as reuniões, mas o doutor Aras marcava direto com o presidente. Só me comunicavam”, disse Cid.
O conteúdo das conversas permanece desconhecido, mas, sob gestão de Aras, a PGR arquivou investigações-chave, como o vazamento de dados sigilosos do TSE.
Redação com Revista Fórum